Fernanda Young morre aos 49 anos

Amigo de Fernanda afirma que artista teve uma crise de asma seguida de uma parada cardíaca; sepultamento será às 16h15 em cemitério da Zona Sul de São Paulo

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A escritora, atriz e roteirista Fernanda Young morreu na madrugada deste domingo, 25, aos 49 anos. O estilista Rodrigo Rosner, um amigo próximo, afirmou que Fernanda teve uma crise de asma, seguida por uma parada cardíaca. De acordo com ele, não houve demora no atendimento. O velório da artista foi no Cemitério de Congonhas, zona Sul de São Paulo. O sepultamento ocorreu perto das 17h de domingo, 25, no mesmo local.

Fernanda estava na companhia de uma amiga no sítio da família em Gonçalves (MG) quando passou mal. "Ela teve uma crise de asma seguida de uma parada cardíaca e faleceu", explicou. Rosner lamentou a morte. "Ela era incrível, isso é o mais importante." Segundo uma nota da Globo, ela morreu em decorrência de complicações respiratórias depois de uma crise de asma.

O sepultamento da atriz e roteirista será às 16h deste domingo, 25; causas da morte ainda não foram divulgadas Foto: Denise Andrade/ESTADÃO

PUBLICIDADE

Fernanda foi roteirista de séries como Os Normais, Minha Nada Mole Vida e Como Aproveitar o Fim do Fundo. Em entrevista ao Estado, a artista falou sobre a série Shippados, que estreou na TV Globo em 18 de junho. O roteiro foi escrito por ela em parceria com Alexandre Machado. “Queremos mostrar o que se passa nesses novos tempos e não simplesmente fazer piadas sobre relacionamento”, afirmou à época das gravações.

 “Quando a paixão surge, agora? Quando dá um match? Não sei. O fato é que essa é uma mudança irreversível, então os seres humanos vão se adaptar a ela, como já se adaptaram a diversas outras. Algo se perde? Provavelmente. Algo se ganha? Talvez, ainda é cedo para dizer. Pode ser que os relacionamentos pós-redes sejam mais sinceros, pois não há mais como se ter segredos, acabou a privacidade. No fim das contas, o amor prevalece e sobrevive, apesar todas as mudanças que o mundo sofreu. As pessoas querem o amor, não importa de qual maneira ele venha”, disse Fernanda ao Estado em fevereiro.

Nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1º de maio de 1970, Fernanda estreou como roteirista na Globo em 1995, com a série A Comédia da Vida Privada, baseada em textos de Luis Fernando Verissimo, que assinou com o marido Alexandre Machado, seu parceiro em todos os trabalhos na TV. No ano seguinte, ela publicaria seu primeiro romance, Vergonha dos Pés, o início de uma carreira de sucesso na literatura que teria ainda mais 13 títulos.

Em 2001, veio um dos maiores sucessos da comédia da televisão brasileira: Os Normais, série estrelada por Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães, que ficou no ar até 2003 e ganhou dois longa-metragens. 

Numa época em que a Globo ainda estava longe do humor inteligente e engajado que apresenta hoje em dia, capitaneado por Marcius Melhem, e em que o estilo Zorra Total de fazer comédia ainda imperava, Fernanda Young fez história com Os Normais. Com estilo totalmente nonsense, a série escrita em parceria com Alexandre Machado foi uma quebra de paradigma. Os eternos noivos, Vani (Fernanda Torres) e Rui (Luiz Fernando Guimarães), iam contra aquele velho modelo de casais certinhos que a TV adora retratar. 

Publicidade

Se metendo em confusões eternas, Vani e Rui tinham diálogos desconcertantemente engraçados, sem filtro, e não raro escatológicos. Um tipo de comédia que causava estranhamento, tirava da zona de conforto dos bordões dos tradicionais programas de humor. A princípio Os Normais chocou, depois o público se deixou levar pelos delírios do casal. Foi um sopro de renovação na TV naquele início dos anos 2000.

Fernanda assinou outros roteiros na Globo, seguindo sua linha de humor ácido, numa trajetória de altos e baixos. Algumas outras produções não deram tão certo, como Os Aspones. Outras renderam bons momentos, como Minha Nada Mole Vida. Com Mônica Iozzi e Tony Ramos, Vade Retro, exibida em 2017, também era uma promessa que não vingou. A história da advogada ingênua seduzida pelo diabo não agradou, e os personagens não conquistaram o público. 

Como apresentadora, Fernanda Young se destacou em Irritando Fernando Young e Saia Justa, com sua sinceridade e humor. 

Com Shippados, disponível no Globoplay, Fernanda voltou a encontrar o tom atualizando seu casal para os tempos de relacionamento via aplicativos. Foi uma combinação que deu certo: história bem contada, bons diálogos, bons atores/protagonistas. Foi sua versão Os Normais 2019. Infelizmente, ela não teve tempo para continuar essa história. 

Young foi indicada duas vezes ao prêmio de Melhor Comédia do Emmy Internacional, por Separação?! e Como Aproveitar o Fim do Mundo

Young entraria em cartaz no próximo dia 12 com a peça Ainda Nada de Novo, contracenando com Fernanda Nobre no Centro Cultural São Paulo. O enredo conta a história de um casal lésbico prestes a filmar um filme — as personagens são uma diretora e sua atriz principal. 

Ela deixa deixa o marido Alexandre Machado e quatro filhos: as gêmeas Cecília Maddona e Estela May, de 19 anos, Catarina Lakshimi, de 10 anos, e John Gopala, também de 10 anos. 

Publicidade

Repercussão da morte de Fernanda Young

No perfil oficial da artista no Instagram, fãs lamentaram a morte. "Obrigada por vc ter existido em nossas vidas, com seu enriquecedor trabalho!", afirmou um deles. "Estou sem acreditar!!!!! Tenha Luz, como sempre", escreveu outro.

Outros artistas também usaram as redes sociais para prestar homenagens. "Uma pessoa bacana a menos no Brasil", escreveu Helio de la Peña. "Morte tão precoce da hiper talentosa Fernanda Young", lamentou Marcos Mion.

Confira algumas das manifestações:

Walcyr Carrasco, roteirista

Alexandre Nero, ator

 

Marcelo Rubens Paiva, escritor

Publicidade

Fábio Porchat, humorista

Marcelo D2, músico

Serginho Groisman, apresentador de TV

Nathalia Timberg, atriz

Letícia Spiller, atriz

Leandro Hassum, humorista

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.