Fernanda Torres leva aventuras sexuais ao palco

Adaptação do livro de João Ubaldo Ribeiro A Casa dos Budas Ditosos, traz Fernanda Torres ao teatro do CCBB

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Fernanda Torres pisa sozinha no palco na adaptação para o teatro de um livro sobre o pecado capital da luxúria, escrito por João Ubaldo Ribeiro por encomenda da editora Objetiva: A Casa dos Budas Ditosos. Dedicado às mulheres, o autor avisa, num curto prefácio, ter se limitado a ´transcrever´ o relato de uma mulher de 68 anos, baiana, que narra suas aventuras sexuais. Não uma mulher qualquer, mas alguém que dedicou sua vida a experimentar as mais variadas formas de prazer sexual, sem culpas. A peça estréia hoje para convidados no Centro Cultural Banco do Brasil, com concepção e direção de Domingos de Oliveira. "No primeiro dia de ensaio, o Domingos falou: ´A racionalidade é o único caminho para a transcendência.´ E eu pensei: estou com Deus. Percebi que ele não ia querer que eu fizesse caras e bocas ou exercício de ameba com angústia. O que íamos fazer era trabalhar conscientemente, tentar entender o livro, tentar uma aproximação com o humano na personagem. E aí é simples. É assustador porque é simples", comenta a atriz, pouco antes do início de um ensaio no CCBB. A idéia da montagem partiu de Domingos de Oliveira. "Li o livro, fiquei entusiasmado e achei que ele não teve a repercussão crítica merecida." Já decidido a fazer a transposição cênica, procurou o autor. "Eu não conhecia o Ubaldo. Fui à casa dele, falei durante meia hora sobre o livro e já saí com os direitos. Desde Freud, a gente sabe que o sexo é muito importante para o homem. Diz a psicologia que tudo o que se faz no mundo é a sublimação do sexo. A gente só faz cinema porque não tem outro jeito. Mas se fosse possível a gente fazia sexo o dia inteiro", brinca o diretor. Cineasta, Domingos é autor de filmes como o antológico Todas as Mulheres do Mundo e, mais recentemente, o delicioso Separações. "É muito difícil dizer algo novo. Por exemplo, Invasões Bárbaras, de Denys Arcand, em cartaz atualmente no País, é um filme sensacional porque fala da morte de uma forma absolutamente nova, como um acontecimento da vida. E Budas Ditosos também é coisa nova. Ele não impõe nada, mas coloca o espectador em xeque com sua liberdade sexual. As pessoas vão sair daqui se perguntando sobre seus limites." No palco, apenas uma cadeira e uma mesa. Sobre esta, um gravador. Diante de um gravador, Fernanda transita entre ´viver´ ou narrar suas aventuras. Impossível conter o riso diante de frases que soam totalmente absurdas para a maioria dos mortais. "Uma das chaves desse trabalho é a delicadeza", afirma Fernanda. "Mais do que sobre sexo, eu diria que esse é um espetáculo sobre a liberdade. Libertário." Serviço - A Casa dis Budas Ditosos. Adaptação do livro de João Ubaldo Ribeiro. Direção e dramaturgia de Domingos de Oliveira. Duração: 1h20. Sexta, às 20 horas; sábado, às 18 e 20 horas; dom., às 19 horas. R$ 15,00. Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651. Até 14/12. Hoje, somente para convidados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.