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Fernanda Gomes inaugura mostra em SP

Em sua primeira exposição na cidade desde 1998, a artista carioca discute os temas do vazio, da ausência, propondo uma desaceleração do olhar

Por Agencia Estado
Atualização:

O convite da mostra que Fernanda Gomes inaugura nesta terça-feira, na Galeria Luisa Strina, já diz muito sobre os trabalhos que a artista carioca preparou para sua primeira exposição na cidade desde 1998. Os dois planos brancos que dividem o retângulo de papel do convite em dois num primeiro momento dão ao espectador a sensação de uma absoluta ausência. A mesma sensação ocorre quando o espectador entra no espaço da galeria. Tem-se a sensação que se trata de um espaço vazio, diante de uma grande ausência, e só pouco a pouco o espectador vai desvendando cá e lá as intervenções com as quais a artista procura instaurar uma nova relação do público com a arte, propondo uma desaceleração do olhar, uma curiosidade diante dessa aparecente ausência. "O vazio não existe. Uma coisa que aparentemente não é nada pode te revelar um universo imenso", afirma a artista, que desde o fim da década de 80 vem construindo uma sólida carreira e já representou o País em uma série de exposições institucionais do País e no exterior, como as Bienais de São Paulo, Sidney e Istambul. É bem verdade que suas investigações conceituais parecem mais adequadas às mostras desse gênero do que a exposições comerciais em galerias de arte. Mas a artista, que tem formação em design, considera importante atuar nos mais diferentes espaços, mostrando muitas vezes simultaneamente pesquisas de diferente teor. Na atual mostra paulistana, por exemplo, ela retoma uma série de investigações acerca da pintura, explorando questões como a sobreposição de planos, a relação entre a luz e o espaço e a importância do branco como uma cor que é ao mesmo tempo reflexiva e receptiva. Ao mesmo tempo que ela reflete a luz, "impregna, suja e incorpora o tempo", explica. De qualquer forma, mesmo quando a questão pictórica ocupa o centro de suas investigações, Fernanda continua a pensá-la como um objeto. "Nunca consegui ver uma tela como plano. Antes de tudo é um objeto com espessura e feita de materiais como a madeira", afirma. Tanto que um dos trabalhos mais interessantes (e menos concretos) da exposição é aquele em que a artista consegue criar uma ilusão, transformando uma parede reta em dois planos, usando apenas uma fita de papel retorcida. Para atentar para esses detalhes, no entanto, só aceitando o jogo de esconde-esconde proposto pela artista e deixando de lado a velocidade que domina nosso olhar, uma visão da arte como produto de consumo e encarando "a arte como uma possibilidade de investigação, como uma estratégia de resistência em relação à violência contemporânea". Fernanda Gomes. De segunda a sexta, das 10 h às 19 h; sábado, das 10 às 17 h. Galeria Luisa Strina. Rua Oscar Freire, 502, tel. (11) 3088- 2471. Até 6/9. Abertura às 19 h.

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