12 de outubro de 2010 | 00h00
Bem, tudo isso - ação, efeitos especiais e namoricos - faz parte da receita do bolo cozinhado por Toni Vanzolini. A diferença é que Vanzolini não se contenta com a dieta minguada e vai além. Mexe com a fantasia que existe na cabeça de todos nós e a ela dá tratamento visual adequado. Respeita a inteligência do público e constrói seu filme a partir de um roteiro crível, com saídas criativas e pouco previsíveis. Faz cinema para crianças e não cinema infantiloide, o que é outra coisa completamente diferente..
Na história, Eugênio (Lucas Cotrin) gosta de Frida (Rafaela Victor) e enfrenta a rivalidade do atrapalhado Cebola (Victor Froiman). Os três coleguinhas invadem o soturno colégio no qual estão matriculados, e "descobrem" que durante a noite seu patrono, o barão Van Staffen (Daniel Dantas), sai das molduras de um quadro e volta à vida. Retorna na persona de um professor sádico, que submete seus alunos a implacáveis testes de conhecimento, uma forma de tortura como outra qualquer. Sonho? Realidade? Fantasia? O filme flutua entre esses registros distintos, mistura que faz parte do seu encanto.
As crianças trabalham bem e Daniel Dantas faz um vilão interessante. Podem dizer que é caricato, mas este é o registro que lhe cabe na história, e, nele, o ator está mais do que convincente.
O título, que pode soar engraçado, vem da estranha herança que Eugênio ganhou de seu avô. O guarda-chuva, este incômodo objeto, torna-se um fetiche, um amuleto, algo que liga o neto à memória do avô morto. Mas também pode se transformar em arma, adequada para defesa pessoal nas horas difíceis.
Desta forma, brincando, Eu e Meu Guarda-Chuva fala na relação das crianças com o desconhecido, com o amor e sexualidade, com a morte e a amizade. Realizado com bons recursos técnicos e elenco que rende bem, não entedia adultos e deve seduzir crianças e adolescentes.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.