PUBLICIDADE

Feirinha do Masp tem dias contados

Decreto da Prefeitura exige transferência da Feira de Antigüidades para local sem cobertura. Exibidores temem pelo fim do evento, tradição de 21 anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma dos pontos mais tradicionais da cidade de São Paulo, a feira de antigüidades do Museu de Arte de São Paulo (Masp), celebrou no último domingo seu 21º aniversário sob protestos e indignação. O motivo: ela está com os dias contados. Ontem, um encontro que reuniu o prefeito Celso Pitta, diretores do museu e representantes da feira resultou na decisão de transferi-la a partir de 1º de novembro para uma área descoberta atrás do vão livre do Masp, o que, para os organizadores, pode significar seu fim. Segundo o decreto da Prefeitura, a área onde está instalada a feira passará por obras de impermeabilização e, posteriormente, será utilizada para a realização de eventos culturais. Os mais de cem donos de barracas serão obrigados a deslocar suas "preciosidades", num período de pouco mais de um mês, para o novo local, bem menos adequado. A falta de proteção deixará os objetos, em sua maioria delicados, expostos à chuva, vento e calor, que podem danificá-los. Entre os artefatos mais procurados por colecionadores e antiquários estão moedas raras, pratarias, cristais, porcelanas, brinquedos a vapor de mais de 50 anos e arte sacra. De acordo com Flávio Pacheco, vendedor e colecionador de brinquedos antigos, "a perda será grave para São Paulo, já que a feira não é apenas um lugar onde se podem adquirir peças, como os shoppings centers. É acima de tudo um espaço cultural, que oferece artigos raros e históricos, atrai muitos turistas e constitui um ponto de encontro". Para a diretora da Associação dos Antiquários do Estado de São Paulo (Aaesp) Iracema Saliby, é quase certo que, com a transferência, a feira deixe de existir. "A Avenida Paulista é movimentada aos domingos graças à feira." Segundo ela, o ponto recebe cerca de 5 mil pessoas a cada exposição, entre colecionadores, turistas, decoradores, artistas e o público em geral. Prazo expirado - De acordo com o primeiro decreto de nº 39.815, de 12 de setembro, a área deveria estar livre desde o fim de semana passado, mas a Associação dos Antiquários e a Associação dos vendedores da feira conseguiram adiar o prazo por mais um mês. A direção da Aaesp entregou ao prefeito uma carta em que explica as dificuldades que essa mudança acarretará. Encaminhou também um abaixo-assinado, com cerca de 2 mil nomes, com o objetivo de tentar impedir a mudança. "Ainda esta semana entregaremos uma carta ao Masp para sensibilizar a direção", diz Iracema. A maioria dos vendedores e freqüentadores acredita que o decreto para a transferência da feirinha tenha sido arbitrário. "Isso é uma atitude clara de final de mandato", comentou o visitante Roberto Aparecido Lofrano. Ele atribui ao prefeito Celso Pitta a responsabilidade pelo fim da Feira. Feira de Antigüidades da Paulista (Masp) - Av. Paulista, 1.578, das 10h às 17 horas Todos os domingos, até dia 1o de novembro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.