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Feira em SP coroa revolução do DVD

Embora ainda haja menos aparelhos de DVD que videocassetes, o formato digital já bate o VHS tanto no lançamento de títulos como na venda de cópias. De olho neste mercado, São Paulo sedia a primeira feira dedicada ao DVD no País

Por Agencia Estado
Atualização:

São 18 a 19 milhões de aparelhos de vídeo no Brasil, contra "apenas" 2,2 milhões de aparelhos de DVD. Esses 2,2 milhões, na verdade, ainda são uma estimativa da União Brasileira de Vídeo, a UBV, baseada no que acredita que venha a ser vendido até o fim do ano. Não se deixe impressionar por esses números. Eles são enganosos. Permitem supor que o mercado de vídeo é mais forte que o de DVD no País. Há outras estatísticas que revelam o que é a realidade do mercado de DVD e vídeo, que sofreu grandes mudanças nos últimos quatro anos. Em 1998, foram vendidos 2,8 milhões de fitas de vídeo no País contra apenas 105 mil DVDs. No ano passado, o DVD avançou espetacularmente e os discos digitais chegaram a 2,97 milhões de unidades vendidas, mais do que os 2,9 milhões de vídeos. Para este ano, os números do DVD são ainda mais reveladores. No primeiro semestre, foram vendidos 2,88 milhões de filmes em DVD, contra 1,54 milhão de fitas de vídeo. Cruzada com outra estatística, a do lançamento de títulos, fica ainda mais evidente que o futuro já chegou e é mesmo digital. Em 1998, foram lançados 485 filmes em vídeo e apenas 87 em DVD. No ano passado, os filmes em DVD ultrapassaram os do vídeo: 674 a 485. No primeiro semestre, os lançamentos em DVD registraram mais que o dobro do vídeo: 569 a 268. Até o fim do ano, serão mil lançamentos em DVD contra 480, aproximadamente, em vídeo. Por tudo isso, é evidente que está havendo uma mudança no perfil não apenas do consumidor mas também do que está sendo consumido. Há uma demanda de informações sobre tecnologia e lançamentos. Para atender a essa demanda, começa amanhã (e vai até domingo) no Ibirapuera a 1.ª DVD Trade Show. Não é só a primeira feira de DVD que se realiza no País. É também a primeira feira dedicada ao home entertainment que ocorre no Brasil desde 1991. Em 1988, houve uma pioneira Video Trade Show. Surgiram depois mais três. A mulher que organizou aquela primeira feira de vídeo está agora, de novo, no comando da primeira feira de DVD. Duda Escobar, "53 anos bem resolvidos", é uma comandante muito especial. Ela dedicou 27 anos de sua vida à música, como cantora lírica e pianista. Foi também atriz de teatro e cinema ("Apenas pontas", informa), mas a fama vinha mesmo da música. Não só a fama: o nome, também. Ela se chama Durvânia, mas esse nome era impronunciável para o maestro austríaco que a dirigia num solo de Mozart. Ele a chamou, então, de Duda para simplificar. O nome colou. Em 1987, Duda Escobar resolveu que queria ser uma mulher de negócios. Um amigo teve a sacada de que o vídeo, que começava a se popularizar no País, seria um grande negócio. Duda fez a 1.ª Vídeo Trade Show numa empresa chamada JVC. Terminou levando sua feira para a Alcântara Machado Feiras de Negócios, onde dirige justamente a divisão de feiras. No marco da 1.ª Vídeo Trade Show, foi deflagrada a campanha contra a pirataria, no Brasil. Naquela época, as fitas piratas conviviam nas prateleiras das locadoras com as que eram legalmente lançadas pelas majors de Hollywood que começavam a atuar no mercado brasileiro: a Warner, a CIC, que englobava a Paramount e a Universal. O lançamento do selo holográfico representou outro avanço no combate à pirataria e a fiscalização ficou mais atuante. Duda lembra que, em 1988, foram apreendidas mais de 20 mil fitas piratas. Foram queimadas e aquela imensa fogueira foi um marco na luta pela regularização do mercado de vídeo no Brasil. Agora, a história se repete. "Tudo o que se falava sobre o vídeo há 14 anos pode (e deve) ser aplicado ao DVD", diz Duda. Os aparelhos popularizaram-se, o preço caiu, aumenta muito o consumo de discos digitais para rental (locação) e sell thru (venda). É uma tendência mundial. Wilson Cabral, diretor da UBV - e da Columbia Tri Star Home Enterntainment - vem em socorro de Duda. Ele cita dados da UBV para estabelecer que o mercado de DVD já ultrapassou, em volume de negócios, o de vídeo (53% a 47%) e que esse crescimento só vai disparar. Cabral é um entusiasta da feira. Ela vai mostrar as novidades do setor, não apenas em tecnologia, mas também em lançamentos. Empresas como a Gradiente - e também a Columbia, a Fox - vão montar estandes no Parque do Ibirapuera para divulgar seus produtos. E a DVD Trade Show, como a Video Trade Show há 14 anos, será o palco de lançamento do Sistema Nacional de Combate à Pirataria. O Ministério da Justiça e a Associação de Defesa da Propriedade Intelectual, a ADEPI, vão lançar um banco de dados sobre crimes na área e articular o treinamento de todas as polícias do País para combater delitos virtuais. Serão quatro dias de DVD Trade Show. A estimativa de Duda é que o evento consiga atrair pelo menos 60 mil pessoas, entre videolocadores e público em geral. A feira é um local de divulgação e exposição, mas será possível comprar equipamentos e, claro, discos digitais com filmes. A Columbia vai fazer exibições, de hora em hora, no seu estande, dos extras contidos nos discos. Cabral destaca que esses extras são fundamentais para a explosão do DVD. "Além da alta qualidade de imagem e som, que não tem comparação com a do vídeo, os discos trazem esses extras que suprem a necessidade de informação suplementar do público, que não quer só ver o filme; quer esse algo mais que só o DVD dá." A DVD Trade Show começou a ser gestada no começo do ano. "Não é freqüente uma feira sair tão rapidamente", informa Duda. "Aqui, foi acelerado pela própria demanda do mercado: produtores, videolocadores, o público, todos pediam esse evento." Deveria ter saído até antes. "Não vou negar: a alta do dólar complicou as coisas." A data, de qualquer maneira, ela considera muito feliz: "Não há nada para se fazer, em termos de programa familiar em São Paulo, após a parada do dia 7; a feira vai preencher esse vazio. Estamos muito otimistas", ela conclui.

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