Feira de Livros de Frankfurt chega ao fim

A maior feira de livros do mundo chega ao fim com aumento de visitantes e reforçando a ligação entre cinema e literatura

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Feira do Livro de Frankfurt chega ao fim hoje com um expressivo aumento do número de visitantes e com a maioria dos editores satisfeitos com o trabalho realizado durante a semana. Entre os editores, alguns repetem a frase comum de que, nas feiras, nunca se compra nem vende nada mas se reúne novas informações e cultiva contatos pessoais importantes. Outros fizeram compras e vendas. Desde quarta-feira, e sem contar os números do domingo, visitaram a Feira 226.299 pessoas, um aumento de 11.854 visitantes em relação ao mesmo período do ano passado. Os caminhos da literatura e do cinema sempre se cruzaram ao longo da história e voltaram a se encontrar na Feira de Livros de Frankfurt. Desde escritores cuja obra chegou à tela grande até cineastas que traduziram em palavras seu jogo de imagens, os largos corredores da Messe (conglomerado de pavilhões onde acontece o evento) ficaram pequenos para receber o público interessado em nomes como o autor Nick Hornby, os cineastas Wim Wenders e Neil Jordan e as atrizes Isabella Rossellini e Hanna Schygulla. Wenders foi o que atraiu mais público. Ele veio conversar com o público sobre o livro de fotos e textos a respeito de seu mais recente filme, Don?t Come Knocking, que vai se chamar Estrela Solitária no Brasil e já é um dos destaques da Mostra de Cinema de São Paulo. Trata-se do reencontro de Wenders com a América e suas figuras desoladas. Mas é principalmente a nova parceria entre o diretor e o ator e dramaturgo Sam Shepard. ?Fazia 20 anos que eu e Sam trabalhamos juntos pela primeira vez, em Paris, Texas, em que ele escreveu o roteiro e sentíamos muita vontade de repetir a parceria?, contou o cineasta alemão, cabelos grisalhos cuidadosamente desalinhados. ?Mas tínhamos receio de que um novo projeto não repetisse os bons momentos, até descobrirmos que 20 anos são um bom tempo.? Juntos, eles criaram a história do veterano ator de faroeste que, durante uma filmagem, abandona o set e vai visitar a mãe em outra cidade, onde descobre um filho perdido, fruto de uma de suas inúmeras relações. Foi a primeira vez que Wenders dirigiu Shepard, que interpreta o ator. ?Creio que nossa boa relação é perceptível no filme?, comentou o cineasta. O livro, lançado pela Schwartzkopff Buchwerke, traz inúmeras fotos feitas por Wenders, além de textos com pensamentos e poemas do diretor e do elenco. Graças à presença do diretor, vendeu rapidamente seus exemplares. Quem também vendeu um pouco mais foi o irlandês Neil Jordan, diretor de filmes como Mona Lisa, Traídos pelo Desejo e Entrevista com o Vampiro. Mas não era apenas o tempo em Frankfurt que estava nublado - Jordan veio à Messe com um mau-humor do cão. Autor de diversos livros (no Brasil, saiu apenas Linhas da Noite), ele respondeu com monossílabos às diversas perguntas e só se soltou quando questionado sobre a quantidade de grandes autores nascidos na Irlanda. ?Somos um povo que busca expressar todos seus sentimentos pela literatura e, como somos irrequietos, a diversidade acaba sendo grande?, disse ele, que grunhiu ainda ao confirmar que prefere o cinema como forma de expressão que a literatura. No ano em que a Feira de Frankfurt dedicou um espaço especial ao futebol, na expectativa da Copa do Mundo de 2006, espaço que só despertou interesse dos visitantes pela oportunidade de bater uma bola ou jogar pebolim (ninguém queria saber de livro), os editores brasileiros voltaram com boas expectativas. ?Fiquei surpreso com a feira, que apontou para diversas tendências?, comentou Paulo Rocco, diretor da editora que leva seu nome. ?Também percebi uma quantidade maior de bons títulos?, reforçou Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras. Uma felicidade estampada no sorrido de Ana Cristina Zahar, que arrematou The Dark Side of the Moon, de John Harris, o making of do cultuado álbum do conjunto Pink Floyd. ?Pretendo lançar já no Natal?, disse. Ou ainda o bom negócio feito pela Ediouro, que arrematou os direitos dos livros do angolano Ondjaki, misto de escritor e cineasta que virá ao Brasil filmar com Tabajara Ruas.

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