Fé e tradição na lente de Pedro Ribeiro

Fotógrafo registrou a festa de Nossa Senhora do Rosário, no vale do Jequitinhonha, por três anos. O resultado está na mostra Rosário no Serro, em cartaz no Sesc

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Por Agencia Estado
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Mais do que um fotógrafo interessado em estudos antropológicos e históricos, Pedro Ribeiro Moreira Neto é um apaixonado pelas manifestações culturais brasileiras. Há anos, ele utiliza a linguagem fotográfica no registro de temas de interesse cultural. Seus ensaios já deram origem a exposições, como Reis e Rainhas no Maracatu e Carnaval, Carnavais, e a um livro, Maracatu de Baque Solto. A partir de amanhã, Ribeiro expõe seu mais recente trabalho, na mostra Rosário no Serro, em cartaz no Sesc São Caetano. Em 27 imagens e um painel, o fotógrafo resgata a pouco conhecida festa de Nossa Senhora do Rosário, realizada todo primeiro domingo de julho na cidade de Serro, em Minas. O que se vê na exposição é o resultado de três anos de visitas ao tradicional evento. "A festa acontece desde 1717 e praticamente não sofreu modificações ao longo dos anos, guardando as cantigas e a mesma indumentária", descreve Ribeiro. Além do valor histórico, o festejo apresenta beleza plástica. "É algo exuberante, bem brasileiro." Padroeira dos negros, Nossa Senhora do Rosário recebe homenagens por todo o País. No Serro, situado no Alto Jequitinhonha, as celebrações buscam ritmo no congado e têm como tema central a coroação do Rei e da Rainha, representados por negros, que foram escolhidos em sua comunidade e comandam os louvores à Virgem do Rosário. Outros grupos os acompanham: os marujos, numa alusão aos europeus; os caboclos, representando a população mestiça, e, finalmente, os catopês, formado por negros. Pedro Ribeiro pretende transformar o projeto em livro, mas busca patrocínio. Atualmente, o fotógrafo está envolvido com uma tese de doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), cujo tema é Famílias Caipiras do Alto Vale do Paraíba. Na realidade, ele acompanhou o cotidiano de uma única família que vive naquela região, durante cerca de cinco anos. "Trata-se de uma tese de história com narrativa visual, cuja base é documental. No caso, a base documental é minha fotografia." Apesar de acabar de finalizar sua tese, Ribeiro promete continuar seu trabalho com aquela família. A tese também deve originar um livro. Pedro Ribeiro. De segunda a sexta, das 9h30 às 21h30; sábado, das 9h30 às 17h30. Sesc São Caetano. Rua Piauí, 554 B, tel. (11) 4229-8288. Até 9/9. Abertura às 20 horas.

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