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Fause Haten desfila em temporada apática de NY

Por Agencia Estado
Atualização:

A moda brasileira continua sua entrada no mercado americano. Fause Haten mostrou sua coleção para o inverno 2002 dentro da programação oficial da New York Fashion Week, em um desfile para cerca de 400 pessoas no Bryant Park. Em seu terceiro lançamento na cidade, o estilista paulistano mostrou a mesma coleção do São Paulo Fashion Week, em versão um pouco mais discreta por conta da falta da passarela com espelho d´água. O desfile do brasileiro no penúltimo dia do evento - que teve mais de cem lançamentos de marcas conhecidas ou não no mercado americano - combinou com o clima da Semana de Moda da cidade, que deixa de ter o glamour, a histeria e a até a cobertura intensiva de temporadas anteriores. Com tantas marcas e uma moda quase inexpressiva, que privilegia as roupas comerciais, o 7th On Sixth passa por fase apática. Pouco do que se viu nas passarelas está empolgando o público, os compradores e a crítica de moda. A movimentação de famosos fica limitada aos desfiles de nomes bem conhecidos, como Helmut Lang, Marc Jacobs, Michael Kors, Ralph Lauren, Donna Karan e Calvin Klein - estes dois encerrando a programação, na tarde de hoje. O que tem chamado mesmo a atenção são os protestos, como no desfile da Sean John, do rapper Puff Daddy, no sábado. Dentro deste panorama, Haten faz lembrar a qualidade e a criatividade que apareceram no São Paulo Fashion Week. Boa parte das coleções que estão sendo vistas em Nova York ficam muito aquém da moda brasileira. Assim, o estilista chamou atenção com uma coleção que se diferencia do básico comercial que é a aposta do momento na cidade. Resta saber como o clima de glamour decadente das roupas de Haten podem ser absorvidos no cenário americano. Suas roupas são para uma mulher sofisticada, mas clássica - o que elimina a legião cada vez maior de fãs do seriado O Sexo e a Cidade. Sua moda não chega a ser direcionada às peruas que compram Oscar de La Renta, nem às européias catequizadas por Donatella Versace. O sucesso de Haten nos Estados Unidos é possível com uma boa edição de peças e direcionamento de fatias do mercado - uma preocupação que ele já confirmou ser uma de suas prioridades no momento. As peças de couro que abriram seu desfile, por exemplo, combinam com o público chique de NoLIta e de alguns pontos do Lower East Side. Já os looks compostos de calças de crepe e camisa de georgette com gravata de zibeline são mais indicados para as mulheres conservadoras de Uptown. As T-shirts com estampa de grama combinam com a ironia de várias multimarcas da cidade - uma atitude, aliás, que poderia ser mais explorada por ele. Em sua terceira temporada americana, Haten comprova seu talento e mostra que ainda há um longo caminho pela frente. Seu desafio a partir de agora é continuar investindo em uma moda feminina e sofisticada, mas ele tem de concentrar em achar "twists" (diferenciais) em suas peças, que reforcem a ousadia e o frescor. Seu glamour decadente pode funcionar bem nos Estados Unidos - se ganhar um tempero mais apimentado.

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