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Fashion Rio faz sua primeira festa

Depois de uma semana de maratona fashion, podemos dizer que o Rio fica entre a praia e suas ramificações ? surfwear e ?street-beach?. Destaque para o verão da Maria Bonita da moda praia da Lenny e surpresas de Luana Piovani e Isabel Fillardis na passarela

Por Agencia Estado
Atualização:

Imagine o Carnaval em São Paulo... Não é à toa que somos conhecidos como ?o túmulo do samba?. Agora imagine uma semana de moda no Rio. Não chega a ser aquele vexame de baile carnavalesco em casa de show paulistana (não, escola de samba é outro departamento...), mas deixa a desejar. Apesar do cenário deslumbrante escolhido para o Fashion Rio (o MAM, no Aterro do Flamengo), a ginga e a descontração cariocas funcionam melhor num domingo de praia regado a caipirinha, do que no corre-corre estressante de um evento de moda. Talvez a experiência adquirida em anos de SPFW (desde que se chamava Phytoervas Fashion), tenha dado a São Paulo um know-how que o Rio ainda precisa de várias doses de açaí pra alcançar. A organização do evento foi muito boa, falamos mesmo é do produto exibido. Depois de uma semana de maratona fashion, podemos dizer que o Rio fica entre a praia e suas ramificações ? surfwear e ?street-beach? ? e a festa mais apoteótica ? e põe apoteose nisso. Vamos, aos fatos... (Veja galeria de fotos) M.OFFICER: Carlos Miele deixou a SPFW porque, segundo ele, sua moda ?mestiça? tem mais a ver com o astral internacional do Rio. E mestiço ele continua sendo. Seus vestidos continuam sexy e ele prossegue investindo no artesanal (da Coopa Roca). O bicho pega na hora de casar forma e conteúdo. A pretensão e mão pesada do estilista fazem de seu estilo a melhor tradução da ?bat-macumba pra turista?. Em todo caso, é um look e tem até quem goste. SALINAS: Inspiração Tropicália nesta etiqueta de moda praia. Os melhores momentos ficaram por conta da Lycra vazada com forro colorido, e dos detalhes vazados (florzinha, coraçãozinho... ), nos maiôs e biquínis, que viram tatuagens de sol. OSKLEY: Surfwear anos 70 (again, and again...) mais uma linha de roupas feitas com fibras naturais, como cânhamo, em cru, cáqui e verde. MARIA BONITA: A estilista Maria Cândida Sarmento fez um verão tão impecável que até o desconstruído é desfiado e desabado nos lugares certos. Muito legal o jogo de zíperes em peças transparentes e os retalhos colorido fluo em peças de cores sóbrias. Seu verde garrafa profundo é chic de doer. A Maria Bonita está muitos passos a frente de outras grifes made in Rio. MARIAZINHA: Prêt-à-porter com muitas referências internacionais (Saint-Laurent, Junia Watanabe, Marni). Fica perdido entre a passarela internacional e total falta de sutileza com que são tratados os materiais. GRAÇA OTTONI: Marca mineira, fez um desfile rápido. Atenção para os chemises e vestidos em patchowrk de musseline colorido. Tem mais cara de praia do que muita grife beira-mar. TOTEM: Vários casais na passarela para mostrar um surfwear Summer of Love. Teve menino com menina, menina com menina e menino com menino. Mas a moda não tem fôlego pra subir em passarela. Não se faz uma coleção com estampas banais distribuídas em formas banais confeccionadas em tecidos banais. Ficou devendo. BLUE MAN: Outra dissidência da SPFW, a marca David Azulay veio com menos pique do que nas temporadas paulistas. Apesar de estar comemorando 30 anos de praia. Reeditou muitos best-sellers. A única proposta diferente foi o maiô de busto transpassado que acabava em um X sobre o bumbum. E teve Monique Evans no encerramento. Previsível. STA. EPHIGÊNIA: Sua moda festa falava de inspiração ?afro-católica? e abusou de estampas tribais em vestidos pesados, pesados, pesados. Um figurino que fica entre a drag queen e a indicada para o Oscar. Salvou-se a noiva do final, Isabel Fillardis carregando sua filhinha. Apenas um efeito ?fofo? que não salvou a coleção. MARCIA GANEM: Diretamente de Salvador. Porém, atenção! Márcia Ganem é artesã, não é estilista. Trata-se de um mal entendido. Em Paris, a casa Lesage faz bordados para os criadores, mas não desfila suas telas. AMAZON LIFE: Especialista em couro vegetal, esta marca começou como projeto social em prol das famílias da Amazônia. Hoje, exporta 50% de sua matéria prima (a maior consumidora é a francesa Hermès). Mostrou peças com seu novo processo de tintura e os bordados de retalhos de couro sobre couro, além de bonitos, têm tudo a ver com a atual tendência crafty (artesanal). LENNY: Sem dúvida o ponto alto da semana. Lenny Nimeyer fez o melhor desfile e mostrou o melhor da moda praia no evento. De tops de placas de jade a maiôs com bordados de inspiração Massai, a estilista faz roupa de banho para freqüentadoras de balneários de luxo e proprietárias de iate. Naomi Campbell arrasou nesta coleção de verão de mulher rrrrrrica. SANDPIPER: Street e surfwear sem maiores pretensões. Se Luana Piovani não tivesse entrado segurando os seios (o fecho do top arrebentou na última hora), ninguém tinha notado. ALPHORRIA: Moda noite made in Minas. Para patricinhas de BH. CARLOS TUFVESSON: O filho da estilista Glorinha Pires Rebello (famosa por vestir Rosane Collor) faz alta costura. Até aí, tudo bem. Só faltou a leveza, o encanto, o chic e a expertise da haute couture. Mesmo assim ele deve estar bem feliz, porque todo mundo aplaudiu de pé. Então... COMPLEXO B: Streetwear carioca muito bem sacada. As toalhas de camelô foram usadas para fazer bermudas, calças, camisas. O Cristo Redentor aparece em pedaços em várias camisas (uma tem o braço, a outra a cabeça, a outra o coração e por aí vai...). O slogan ?Lembrança do Rio? virou cinto. E as chamadas dos vendedores de praia foi a trilha sonora, do samba ao funk. Vai vender muito. Merece. COOPA ROCA: A cooperativa de artesãs da favela da Rocinha desfilou as peças que desenvolve para várias etiquetas, como M.Officer, Salinas e Maria Bonita. Objeto de desejo: o maiô da Salinas com uma imagem da favela clicada pelo alemão Michael Wesely com o letreiro ROCINHA disposto como o famoso billboard HOLLYWOOD. NOVOS CRIADORES: A Casa de Noca foi de novela mexicana, com vestidinhos Thalia em jersey drapeado e cores cafonas (pink inocência, preto maldição, vermelho perfídia, turquesa felizes para sempre). Suzana Vieira fez uma participação como vilã especialmente convidada. Hi-la-ri-an-te! A Colecionadora encheu o palco de cabides e fez saia de patchwork de calças masculinas. Meio atropelado. Marcos Ferreira fez pijamas de cetim prata e outros modelinhos comportadinhos, chatinhos.

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