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Fascínio imediato

Por Emanuel Bomfim
Atualização:

Gregory Porter é tudo o que jazz mais precisa: um cara carismático, facilmente associado à tradição e disposto a contar histórias que vão além do cartel básico de standards do gênero. Não se trata de uma renovação estética aventurosa, destas que vão buscar refúgio em escolas do pop para se promover, mas da "simples" capacidade de impressionar com temas bonitos e revigorantes. É o que se pode atestar em Be Good, segundo álbum na carreira do cantor, antes ator de musicais na Broadway e jogador de futebol americano. Mais do que um barítono polido em perfeita articulação, se vê o êxtase de um autor apaixonado pela vida, que canta seus afetos, romances e idealismos pueris. Quando estreou, com Water (em 2010), havia até um aspecto mais politizado nos seus versos, agora abrandado por uma poética mais sentimental - o que não faz de Gregory um "meloso deslumbrado". Está mais para um hippie do que para um romântico atordoado. On May Way To Harlem dá conta da amplitude de sua imaginação, ao reverenciar na letra suas raízes musicais, de Duke Ellington a Marvin Gaye. Nascido numa família de sete irmãos e com pai ausente, o crooner adotou como mentor Nat King Cole desde a mais tenra infância. Foi com os discos dele que aprendeu a refinar a ternura de sua voz e interpretação, hoje comparadas aos estilos de Donny Hathaway e Arthur Prysock. São referências importantes, mas que não traduzem exatamente o que é Gregory Porter, dono de um despojamento tão raro de se encontrar por aí. E é com ele que Be Good adquire a força de um clássico inabalável.GREGORY PORTERBE GOOD MotémaPreço médio: U$ 9,99 (iTunes) ÓTIMO

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