Falo o tempo todo com ela, diz pai de Amy Winehouse

Mitch Winehouse diz que renda do livro vai ser direcionada para ajudar jovens com problemas de drogas e álcool

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Por Jotabê Medeiros - O Estado de S. Paulo
Atualização:

Em Amy, Minha Filha, Mitch Winehouse conta muita coisa sabida, mas há coisas interessantes a serem garimpadas. Por exemplo: Mitch conta que a turnê pelo Brasil quase não saiu. Amy não queria vir antes de ter coisas novas para cantar - as músicas de Back to Black a deprimiam. Mitch falou ao Estado com exclusividade, por telefone, de Londres.

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O sr. não tem medo de ser comparado a Joe Jackson, o pai de Michael Jackson, e dizerem que o sr. está tirando vantagem do legado de sua filha?

Não estou tirando vantagem de nada, a renda da venda do livro vai toda para ajudar jovens em estado de atenção por conta de abuso de drogas e álcool. São milhares na Inglaterra. No Brasil, todo o dinheiro da renda do livro vai reverter para ações sociais, toda minha comissão.

O sr. escreveu que o show no Brasil foi um sucesso, especialmente o de Florianópolis. Mas os shows de Rio e São Paulo foram decepcionantes.

Não sabia disso. A banda toda me disse que tinha sido um sucesso. Amy se divertiu muito, voltou falando que o Brasil é um lugar adorável, estava muito feliz. Por que teria sido um fracasso?

Bom, em Florianópolis de fato foi o melhor, mas no Rio e em São Paulo foi muito encurtado.

Por que foi encurtada?

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Acho que Amy ordenou.

Bom, eu não estava sabendo disso. Não estive com ela no Brasil, apenas tenho os relatos do que aconteceu.

O sr. acha que foi o álcool que matou Amy?

Depende. Ela tinha parado com as drogas em 2008. Depois, foi uma luta para parar com o álcool, que era tão destrutivo quanto. Nos últimos cinco meses, ela não tinha bebido nada. Então, nos dois dias anteriores à sua morte, ela bebeu muito. Ela tentou parar, mas é um processo.

O sr. diz que uma borboleta negra entrou no funeral, e depois um melro pousou em sua janela, e ficou, e deixou que o acariciassem. O sr. parece crer que Amy vive em outro plano. Tem esperança ainda de falar com ela?

Falo com ela o tempo todo em minha cabeça. É a minha crença. Muita gente acredita, é essa a crença da minha família. Acredito que ela vive em outro plano e está em paz.

O seu relato é cândido, equilibrado, mas há momentos em que o sr. até se tornou violento. O sr. expulsou o ex-marido Blake Fielder-Civil da casa de Amy com um chute no traseiro.

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Mas aquilo é algo que eu tinha de fazer. É o que um pai faz pela sua filha, você tenta protegê-los. Às vezes tem sucesso nisso, às vezes fracassa. Mas está sempre tentando, é o que um pai faz.

O sr. se sente culpado por ter falhado em algum momento?

Por que culpado? Você tem filhos? Qual a idade deles?

Sim, tenho. Em torno de 20 anos.

Os filhos às vezes te ouvem, às vezes não. É o que acontecia com Amy. O álcool causou um grande estrago na vida dela. Mas ela nunca deixou que a família se tornasse irrelevante. Ela era generosa e doce. A coisa mais importante era a alma de Amy, que ela preservou até nos piores momentos.

O sr. pensa em negociar esse livro para adaptações para o teatro ou o cinema?

Nós estamos em negociação. Há ofertas de filmes, de peças. Mas, no momento, nós temos o livro. Temos de trabalhar o livro, levantar todo o dinheiro possível para ajudar jovens em dificuldades. Essa é a prioridade.

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O sr. também gravou um disco como cantor.

Sim, há três anos. Faço duas outras apresentações toda semana com minha banda. Adoraria ir ao Brasil, mas seria ridiculamente caro, não é viável. Tenho um amigo brasileiro, músico, que poderia integrar meu grupo numa excursão, e se achássemos uma banda brasileira com a qual eu pudesse tocar isso seria plausível. Mas com meu próprio grupo, sairia caro demais.

O sr. usou ghost writer?

Escrevi com um amigo, eu dava os depoimentos e ele gravava e transcrevia, porque não sou um bom escritor. Não sei se escreverei outros livros, quem sabe? Nunca se diz nunca na vida.

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