Expresso que já virou trem-bala

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Por Roberto Nascimento
Atualização:

Se o tropicalismo de Gil e Caetano já havia virado a MPB de cabeça para baixo em 69, quando voltaram do exílio, em 72, a expectativa era que fossem fazer mágica. "Houve uma expectativa com o Gil e o Caetano. Eles voltaram e fizeram show no teatro municipal. E estavam muito soltos. No auge do desbunde londrino. Brincavam. Corriam de um lado para o outro. Vieram para mostrar que o mundo havia mudado", conta Roberto Menescal, que foi coordenador de produção do clássico Expresso 2222, primeiro disco de Gil depois da volta, que será relançado amanhã pela Discoteca Estadão. Mas, ao contrário do que esperavam, o disco caminhou em uma direção aparentemente inversa à do rock que dominava as rádios: foi buscar inspiração no cancioneiro nordestino de Jackson do Pandeiro e Riachão, além de contratar a Banda de Pífanos de Caruaru para introduzir o disco com Pipoca Moderna. "Depois de Londres ele mudou", conta Menescal. "Ele era bem gordinho, bem cheinho. Aí ele comeu muito macrobiótico, que era a coisa da onda, e emagreceu adoidado. Nessa época ele tinha um rigor com as coisas e tinha uma dedicação muito grande. E um vigor muito grande. Ele perdeu 20 quilos e ficou leve. Eu me lembro de um show aqui que teve 4 horas sem perder a energia", completa.Para gravar Expresso 2222, Gil chamou uma excelente banda que incluía Lanny Gordin no baixo e na guitarra. "Com o Gil, não havia tempo ruim. Ele sabia exatamente o que queria. Chegava no estúdio e gravava. Os destaques do disco, Oriente, Chiclete com Banana, a faixa-título, são pérolas do cancioneiro que marcaram a evolução do violão brasileiro. Até hoje, Gil pega o violão em qualquer lugar do mundo e sai aquela coisa suingada. A escola dele passa por todos".

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