Exposição revela leveza e rigor de Lothar Charoux em SP

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Por Igor Giannasi
Atualização:

Um estudo de nanquim sobre um papel quadriculado, feito na década de 1950, que transmite leveza e rigor técnico é um dos trabalhos prediletos de Adriana Charoux, neta do artista concretista Lothar Charoux (1912-1987), um dos precursores desse movimento artístico no Brasil. "Parece que dá para pegar", descreve ela. A peça, que até então ficava entre os objetos do artista guardados pela família, faz parte da exposição em homenagem ao austríaco que chegou ao Brasil em 1928. Assim, usando o lado afetivo e a importância histórica, foram selecionadas as 31 obras - o estudo em nanquim incluso - para a retrospectiva "Lothar Charoux: Entre Vida e Obra", em cartaz na Caixa Cultural da Avenida Paulista, localizada no prédio do Conjunto Nacional, em São Paulo. Natural de Viena, Charoux mudou-se para São Paulo em 1928 e, na década seguinte, estudou pintura no Liceu de Artes e Ofícios. Sua primeira exposição individual foi em 1947, na Galeria Itapetininga. Mas foi em 1952 que ajudou a abalar o mundo das artes da época, fundando, em conjunto com os artistas Anatol Wladyslaw, Leopoldo Haar, Féjer, Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto e Waldemar Cordeiro, o Grupo Ruptura. Surgia aí o movimento concretista, que opunha-se tanto à arte figurativa quanto à arte abstrata. "A obra dele se caracteriza pelo uso magistral da linha, elemento básico que ele articula muito bem", afirma Maria Alice Milliet, curadora da mostra e autora do livro "Lothar Charoux, A Poética da Linha". Além de estudos de nanquim sobre papel, também compõe a mostra documentos, fotografias, cartas, guaches sobre papel, óleos sobre tela, acrílicas sobre tela, serigrafias sobre papel e protótipos de objetos. Os concretistas, explica Maria Alice, cultivavam a ideia de que a arte poderia ser multiplicada, reproduzida em série, por isso os protótipos. Uma sequencia de um azulejo criado por Charoux foi feita em plotagem (impressão em formato grande) para ser visto como ficaria a multiplicação da peça. Outra curiosidade é a cópia de uma carta enviada por Charoux a um amigo em que o artista utiliza conceitos concretistas na escrita: texto em bloco e frases iniciadas em letras minúsculas. Também fazem parte da retrospectiva pinturas figurativas, de uma fase anterior do artista."Essa exposição é um pequeno fruto de um projeto maior", conta Adriana. A família - suas duas irmãs Mônica e Cláudia também estão mobilizadas no resgate da obra de Charoux - pretende buscar recursos privados e públicos para o restauro de obras do avô. Junto com a exposição, também deve entrar no ar um site dedicado ao artista austríaco (www.lotharcharoux.com.br), produzido por Mônica. Exposição Lothar Charoux: Entre Vida e Obra - Caixa Cultural (Avenida Paulista, 2.083). De 12 de fevereiro a 21 de março. Terça a sábado, das 9 horas às 21 horas, e domingos e feriados, das 10 horas às 21 horas. Entrada gratuita.

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