26 de abril de 2012 | 11h02
"A expansão vem num momento em que o CCBB colocou o Brasil no ranking das exposições mais visitadas do mundo", diz Mantoan, citando a lista das 20 mostras de maior público feita pelo Art Newspaper, que destacou a do artista gráfico holandês M.C. Escher, visitada por 381 mil pessoas entre abril e julho do ano passado. "Tanto para essa exposição como a da Índia, o tempo de espera na fila foi enorme, o que justifica a necessidade de uma nova sede", conclui o diretor do CCBB. Na exposição de Escher, por exemplo, pessoas chegaram a ficar três horas na fila, que dobrava o quarteirão da Rua Álvares Penteado, no centro. Essa experiência levou a direção da entidade a desenvolver uma nova logística para receber a mostra do Museu d?Orsay, que deve atrair o dobro de visitantes. Por questões de segurança, a visita começará pelo quarto andar e o público que entra não vai se encontrar com o que sai da exposição. Também por questões de segurança, a rua do CCBB e as vizinhas terão a iluminação reforçada.
Tanta precaução dos organizadores tem motivo. Com curadoria de Caroline Mathieu, autora do guia do Museu d?Orsay, a exposição "Paris: Impressionismo e Modernidade" vai trazer, de fato, obras históricas de valor inestimável, como "La Gare Saint-Lazare" (1877), que Claude Monet pintou cinco anos depois de ter assinado aquele que é considerado o primeiro quadro impressionista da história da arte, "Impressão: Nascer do Sol" (Impression: Soleil Levant). Ele foi feito no mesmo ano de outra conhecida tela sua que vai estar na mostra, "La Gare d?Argenteuil" (1872).
Organizada em seis módulos, a exposição tem como foco a cidade de Paris, mas, como no caso de Monet, que trocou a capital francesa pela bucólica Argenteuil, a mostra dedica um segmento aos artistas que partiram para o campo - como Gauguin - em busca de uma alternativa para a agitada vida moderna. Aliás, são dele duas das melhores telas da mostra, que têm como personagens camponeses da Bretanha ("Les Meules Jaunes", de 1889, e "Paysannes Bretonnes", de 1894). Seu grande amigo, Van Gogh, está presente com a tela "La Salle de Danse à Arles", pintada em 1888, o fatídico ano em que Gauguin decide se juntar a ele em Arles, onde o holandês cortou a orelha direita e foi internado com sintomas da paranoia.
Quem ficou na cidade, como Renoir, Degas e Toulouse-Lautrec, acabou pintando os personagens da vida parisiense, que integram o segundo módulo expositivo. No terceiro módulo, Paris é uma Festa, destacam-se os personagens dos cafés, da ópera e dos cabarés parisienses, pintados por Manet, Boldini, Degas e Tissot. No quarto módulo, a guerra de 1870 - que dispersou os artistas, mobilizados pelo conflito - traz a pintura de Monet e Pissarro, entre outros, que partiram para Londres e foram influenciados pelas paisagens aquáticas de Whistler. Já o sexto e último módulo da exposição reúne os integrantes do movimento Les Nabis, a vanguarda pós-impressionista formada por Bonnard, Sérusier e Vuillard, empenhados em integrar vida e arte numa unidade indivisível.
A grande estrela da mostra, no entanto, é um garoto músico. "O Tocador de Pífaro" (Le Fifre, 1867) talvez seja o quadro mais belo pintado por Manet, quatro anos após o escândalo de "Almoço na Relva" e dois depois de "Olympia". É o retrato da inocência, um dos grandes momentos da história da pintura universal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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