Ex-sócio levanta suspeita sobre atuação da CIE no Brasil

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O empresário argentino Daniel Grinbank, ex-sócio do grupo de entretenimento CIE, de origem mexicana, informou hoje à Agência Estado sobre o surgimento de um novo caso de suposta operação de lavagem de dinheiro envolvendo a empresa. Depois do caso da empresa Nurina Corp, foi localizada no Panamá uma nova empresa fantasma que teria negociado com o grupo, a Christer Holding Inc. A Christer Holding, segundo Grinbank, manteve negócios da ordem de US$ 560 mil com a D.G. Medios Y Producciones, braço da CIE em Santiago do Chile. Foi criada em julho de 2000 e dissolvida logo depois de ter realizado operações com a CIE, em março de 2001, segundo informa o registro comercial do Panamá. Na semana passada, Grinbank foi à Justiça argentina para entregar documentos que provam que a Nurina Corp, uma empresa contratada em julho de 2001 para prestar serviços de assessoria por US$ 8,5 milhões, foi desativada em seguida. Grinbank disse que acha "no mínimo estranho" que as operações ilegais que denunciou à Justiça argentina tenham datas coincidentes com as compras de diversas casas de espetáculos no Brasil. "Parece-me que a CIE, em vez de trabalhar na economia real, trabalha mais com desenhos de situações, gerando uma economia virtual", afirmou o empresário, falando por telefone de Buenos Aires. A CIE atua no Brasil desde 1998 e é dona das maiores casas de espetáculos de São Paulo e Rio - Credicard Hall, Directv Music Hall e ATL Hall, entre outras. Atua também no México, Chile, Espanha, Colômbia e Estados Unidos. O nome jurídico da empresa é Corporación Interamericana de Entretenimiento e é uma sociedade anônima de capital variável, fundada em 1991 pelo empresário mexicano Alejandro Soberon Kuri. Em nota à imprensa, a CIE disse que vai tomar atitudes judiciais contra as acusações de Grinbank e que considera suas denúncias decorrente dos processos que tem contra o empresário argentino. Agência Estado - O sr. acha que o caso que denunciou na Argentina pode ter se repetido nas aquisições que a CIE fez no Brasil? Daniel Grinbank - Não posso dizer. Eu denunciei um caso provado na Argentina, que é o caso da empresa Nurina Corp, do Panamá. E agora surgiu um caso similar no Chile, da empresa Christer, que foi utilizada também para fazer uma transação de grande soma em dinheiro e depois foi dissolvida. As evidências de Argentina e Chile são fortes, mas não posso afirmar em relação a outros países. Só posso dizer que as datas das aquisições no Brasil batem de maneira muito estranha com as datas das operações com a Nurina Corp e a Christer. O sr. acredita que o grupo mexicano atuou com lavagem de dinheiro no Brasil? Desconheço o caso e não quero falar de suposições. Mas me parece que a CIE, em vez de trabalhar na economia real, trabalha mais com desenhos de situações, gerando uma economia virtual. O grupo mexicano, em nota oficial, diz que tem três processos contra o sr. e que o sr. descumpriu obrigações contratuais. O conflito que eu tenho com a empresa é anterior, não tem nada a ver com a denúncia que fiz. Naqueles casos, eu já tive uma decisão favorável à minha pessoa. É preciso não misturar as coisas. Uma questão é a companhia real, que promove espetáculos, com a qual eu tenho uma divergência. Outra é essa companhia virtual, que atua ilegalmente. Essa atuação está sendo investigada pela Justiça argentina e pela Polícia Federal. Os diários argentinos estão também acompanhando o caso.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.