EUA celebram teledramaturgia brasileira

Embalado pelo sucesso Xica da Silva, com Thaís Araújo, o jornal The New York Times dedica matéria ao fenômeno das novelas brasileiras na tevê americana

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Por Agencia Estado
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As novelas brasileiras viraram notícia do jornal The New York Times. Na edição de domingo, a matéria de Larry Rohter intitulada "Brasil produz maiores e melhores novelas" tenta decifrar os motivos que fazem das novelas nacionais as melhores produzidas em todo o mundo. A reportagem parte do atual sucesso da novela Xica da Silva, dirigida por Walter Avancini, no canal Telemundo. A história da escrava, interpretada por Thaís Araújo, que consegue sua liberdade por meio do fascínio que provoca nos homens está encantando o público dos EUA, especialmente as comunidades de língua espanhola. Desde 1978, mais de 80 novelas foram exportadas para 119 países. A Escrava Isaura, com Lucélia Santos, é um dos maiores sucessos e foi exibida em países como a China, Rússia e Turquia. Parte do sucesso de Xica da Silva é atribuído ao desempenho de Thaís Araújo, então com 17 anos, hoje com 21. Recentemente, a atriz foi incluída na lista das 25 pessoas mais bonitas da América Latina, segundo a versão em espanhol da revista People. Xica da Silva apresenta várias cenas de nudez, o que favoreceu a propagação da imagem sexy de Taís Araújo. "Em termos de censura, ninguém mostra o que a televisão brasileira mostra. Ela é a mais liberal do mundo. Talvez por causa da tradição do carnaval, as pessoas aceitam melhor a nudez e a sexualidade", afirma o diretor Daniel Filho ao New York Times. No Brasil, Xica da Silva foi exibida pela Manchete. Apesar da beleza da atriz brasileira, o jornalista Larry Rother, que escreveu a matéria, acredita que o motivo para o sucesso é que nenhum país tem tanta habilidade para produzir novelas como o Brasil. "Não existe uma ciência exata ou uma fórmula para garantir o sucesso, mas sem dúvida, nós fazemos melhor do que todo mundo", declara Daniel Filho. O The New York Times faz uma comparação das novelas brasileiras com o "formato americano" de novelas. Enquanto no Brazil as histórias costumam ter em média 180 capítulos, nos EUA algumas podem durar vários anos seguidos. "Nos EUA, a novela não é um produto de primeira grandeza. Aqui, a novela assume uma tremenda importância", declara Walter Avancini ao jornal. A matéria também ressalta como é importante para um ator brasileiro participar de alguma novela, já que é muito difícil sobreviver apenas de trabalhos no teatro ou no cinema. Já nos EUA, os grandes astros americanos não enxergam nenhum mérito em participar de uma soap opera. Para frisar o valor da novela no Brasil, o jornal cita uma declaração da atriz Fernanda Montenegro: "Se eu recebo um bom roteiro de telenovela, porque eu deveria recusar?" A matéria ressalta também o papel da Rede Globo na produção de novelas e o fato de elas ocuparem os horários mais importantes na grade da emissora. O departamento de teledramaturgia da Rede Globo promove pesquisas para aumentar a participação de personagens que se tornam populares ou eliminar aqueles que não agradaram. "Você pode mudar os personagens, mas a história continua a mesma", diz Daniel Filho. Apesar do aparecimento de novas formas de entretenimento, os diretores brasileiros acreditam que o gênero nunca vai desaparecer. "A novela fala sobre coisas que são verdadeiras para nós e as pessoas logo se identificam com os personagens. A novela faz parte da rotina do brasileiro e não existe nenhum jeito de privá-lo disto", diz o diretor.

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