
18 de março de 2011 | 00h00
Como se aproxima de uma personagem como Lucia?
Ela é uma mulher explorada pelos homens à sua volta. No palco, tento crescer no papel, prestar atenção às palavras, à beleza do som. E trabalhar a linguagem corporal, fundamental.
Desde o começo de sua carreira, você tem apostado em um repertório pouco conhecido e interpretado. Por quê?
Minha voz é muito aguda e eu precisei procurar peças que se prestassem a isso. Eu adoraria cantar Salomé, Tosca, Manon Lescaut, mas não posso. Eu tenho o temperamento de uma bruxa, mas estou sempre interpretando jovens inocentes (risos).
Você acaba de gravar Cleópatra...
Sim, mas na ópera de Händel ela ainda é uma jovem simpática (risos). Claro, você até pode sugerir a sedução, o poder. Mas sem exagerar, afinal, ela não é uma Lady Macbeth.
Você vai interpretar Traviata, de Verdi, na próxima temporada do Metropolitan. Como soube que estava pronta para o desafio do papel?
Eu estava com 43 anos quando o fiz pela primeira vez, e foi basicamente uma a questão que me coloquei: se não fizer agora, quando? Se eu esperasse, seria tarde demais. Chega um momento no qual você precisa arriscar e cantar o papel. Então, comecei a estudar e, depois de três anos, fiz a estreia. Claro, há gente que me diz que não estou pronta, que não tenho a voz para cantar Violetta. Mas acredito que posso, em especial se não tentar imitar ninguém mas, sim, fazer o que a minha voz permite. E, claro, ajuda ter um maestro refinado, que impeça a orquestra de tocar fortissimo o tempo todo.
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