"O livro original serviu de roteiro, o que eu fiz foi acompanhar, dar dicas e montar junto com o Spacca os anexos", diz Lilia, uma militante das histórias em quadrinhos na universidade. "Foi um grande trabalho dele vencer este desafio: o Barbas original é constituído a partir de várias pequenas teses sobre a construção simbólica de d. Pedro II, como as festas, a domesticação da nobreza e a imagem de ‘monarca cidadão’, e o quadrinho mantém essa estrutura", comenta.
Mas não foi fácil, segundo o próprio quadrinista. Spacca leu e estudou os capítulos do livro, fez as imagens e então adicionou textos do original, muitas vezes mantidos na íntegra, tudo isso ao longo de quatro anos. "Eu gostaria que o público do livro pegasse esses quadrinhos e percebesse o esforço de transpor o espírito", afirma.
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Para Lilia, o quadrinho inclusive ganha novas ideias em relação à obra publicada em 1998, por acrescentar pesquisas suas mais recentes, como a Guerra do Paraguai e a questão da escravidão. A ideia sempre foi, segundo os dois autores, adaptar sem simplificar demais.
A pesquisa iconográfica e histórica de Spacca é um dos destaques da obra. "Transpor as pinturas do Debret, por exemplo, foi mais fácil, porque as imagens estão todas ali", conta. "Agora, para criar quadros como a movimentação na Rua do Ouvidor ou a modernização da cidade, como a construção de ruas de paralelepípedos, há poucas ou nenhuma imagem de fato, então é um trabalho de pesquisa extenso."
Talvez brincando, ele diz que para cada página da HQ, há em média 30 consultas históricas. Visitando as páginas deste As Barbas, não dá para duvidar.