Estréia no Rio "Conduzindo Miss Daisy"

A versão brasileira do texto americano que fez sucesso no cinema nos anos 90, traz Nathalia Timberg, como Miss Daisy, Milton Gonçalves, como o motorista Hoke Colburn, e Bibi Ferreira na direção

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Por Agencia Estado
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Um dos maiores sucessos do teatro e cinema americanos, Conduzindo Miss Daisy, que ganhou o prêmio Pulitzer de teatro e deu o Oscar de melhor atriz a Jessica Tandy, estréia na sexta-feira no Teatro Ginástico, no Rio, reunindo três medalhões da cena brasileira. Nathalia Timberg, como Miss Daisy, e Milton Gonçalves, como o motorista Hoke Colburn, dirigidos por Bibi Ferreira. A montagem, com participação também de Reinaldo Gonzaga, como Boolie, filho da protagonista, era planejada há muitos anos, por discutir questões como preconceito e entendimento entre culturas e níveis sociais diversos. A tradução brasileira de Roberto Athayde segue mais o texto teatral, de Alfred Uhry, que sua adaptação no cinema, enorme sucesso no início dos anos 90 e um clássico até hoje. "No teatro, o humor fica mais evidente, mas a Bibi Ferreira fala que o filme é muito teatral e a peça, bastante cinematográfica", diz Nathalia, que participou da novela Porto dos Milagres, da Rede Globo, na qual fazia a governanta Ondina, peça-chave na história. "Sou mesmo viciada em trabalho e não espero acabar um para começar o outro. Neste caso, a personagem é muito bem desenhada, cheio de minúcias e a direção da Bibi é refinada, evidencia o brilho do texto." Milton Gonçalves se deixou seduzir por seu personagem, um motorista analfabeto que, numa relação tumultuada com a patroa, Miss Daisy, a leva a repensar suas certezas e seus preconceitos. Mesmo defendendo papéis diferentes dos normalmente reservado aos negros, Gonçalves sonhava com Hoke desde 1990, quando conheceu o texto. "A questão não é ser motorista ou médico, mas um personagem completo, com substância. Hoke é o motor das transformações que Miss Daisy sofre ao longo dos 25 anos abordados pelo texto", diz ele. "E tem ainda a a interpretação de Morgam Freeman no cinema. Todos os atores de minha geração são fãs dele." O sucesso do filme não influenciou a montagem atual. "Há uma memória mítica muito positiva e, por isso mesmo, a tradução cênica é desafiadora", reconhece Nathalia. "No entanto, não busquei nem evitei repetir o desempenho de Jessica Tandy. O bom de ser atriz é descobrir as nuances de cada personagem, especialmente essa, que começa com 72 anos, a mesma idade que tenho agora, e vai até os 97, com extrema vitalidade. Tenho pouco em comum com Miss Daisy, uma mulher do interior dos Estados Unidos, mas é ótimo encontrar uma personagem que propõe um universo que não é o seu." Para Gonçalves, a discussão histórica dos 25 anos que o texto abrange é outro atrativo. A peça começa em 1948, na ressaca da 2.ª Guerra Mundial e vai comentando os acontecimentos mundiais e norte-americanos até 1973, em plena Guerra do Vietnã. "E a ação se passa na Georgia, um dos Estados americanos onde a luta pelos direitos civis dos negros foi mais ferrenha. Tudo é debatido pelos personagens, que vêm de mundos diferentes, mas acabam criando um elo importante", lembra o ator, que já trabalhou com Bibi na primeira versão de Roque Santeiro, para o teatro, e dirigiu Nathalia num "Caso Especial" da Rede Globo sobre irmã Dulce. Para todos, a coincidência com os atentados em Nova York só reforça a oportunidade de montar Conduzindo Miss Daisy. Em 11 de setembro, os ensaios estavam começando. "Nesse momento de tragédia, em que os ódios estão tão visíveis, a peça é uma ode à amizade e ao entendimento, um exemplo de como as pessoas deveriam conviver", diz Bibi Ferreira. Ela acredita que o sucesso do filme atrai a curiosidade para a versão cênica. "Quem gosta de teatro quer saber como se resolve a história no palco. E posso garantir que a peça é tecnicamente perfeita. São 28 cenas que passam sem que a gente sinta."

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