PUBLICIDADE

Estréia hoje nos cinemas novo filme de Zé do Caixão

Por AE
Atualização:

Ele está de roupa nova - e com a assinatura de uma grife tão chique quanto a de Alexandre Herchcovitch. Zé do Caixão, o coveiro mais famoso do cinema brasileiro, foi repaginado para os anos 2000. Os dois primeiros filmes com o personagem, À Meia-Noite Levarei Sua Alma e À Meia-Noite Encarnarei no Teu Cadáver, datam de 1964 e 67. Zé do Caixão volta aos cinemas do País numa produção mais cara - A Encarnação do Demônio, em cores e com um lançamento como ele nunca teve. Serão 40 cópias, contra 10, o máximo que o diretor José Mojica Mojica teve anteriormente. O mais importante é que Zé do Caixão não é mais aquele personagem marginal dos anos 60, mas um cult que ganhou projeção internacional, rebatizado como Coffin Joe. O próprio filme, A Encarnação do Demônio, não ganha agora apenas o circuito dos shoppings como vai para Veneza, integrando uma das mostras paralelas do festival que começa no fim do mês. Tudo isso envolve um risco - como reagirá o público, num momento em que o mercado exibidor nacional é tão diferente daquele que viu surgir o fenômeno Zé do Caixão? Essa coisa de mercado pode preocupar produtores (a Olhos de Cão, associada à Gullane Filmes) e distribuidores (a Fox). O próprio Mojica admite estar ansioso - ao mesmo tempo eufórico, face ao reconhecimento, e ansioso, quanto à acolhida. Mas o que o levou a fazer o filme não foi o mercado e sim, uma necessidade visceral. A produção veio rolando desde 2000. "Num determinado momento, tínhamos R$ 400 mil, que o Paulo (o produtor e montador Paulo Sacramento, da Olhos de Cão) achava pouco para o produto que queríamos fazer." Embora mais caro que a média de Mojica, o filme manteve-se nos limites de uma produção de baixo orçamento, em torno de R$ 1 milhão. "Meu filme mais caro havia custado R$ 120 mil - com R$ 400 mil, teria feito o Encarnação com idêntico entusiasmo", disse Mojica na sessão do filme para a imprensa no CineSesc. Embora algumas coisas estejam diferentes - aos 72 anos, o ator e diretor não tem mais o physique du rôle dos anos 60 -, outras permanecem inalteradas. As longas unhas encurvadas fazem parte do seu repertório. Além disso, o que Mojica adquiriu nos últimos anos é extraordinário. "Quando estive nos EUA, ganhei em um mês 50 capas, mais do que tive em 45 anos de carreira no Brasil." Não há ressentimento na fala, apenas uma constatação. O Mojica que apresenta A Encarnação do Demônio é um autor seguro de haver concretizado sua maior obra - "Este filme é a Bíblia do terror da América Latina. Sua história reúne todos os elementos atraentes para os fãs do gênero - tem espectros, torturas, mortes violentas, sexo." Acima de tudo, tem Zé do Caixão em sua busca mítica pela mulher ideal, aquela com a qual nunca desistiu de ter o filho perfeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Encarnação do Demônio (Brasil/2007, 98 min.) - Terror. Dir. José Mojica Marins. 16 anos. Cotação: Bom.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.