
26 de junho de 2009 | 11h28
E o filme, embora reconstitua a história de Jean Charles, não é sobre ele, ou só sobre ele. É sobre brasileiros no exterior, o tema que atrai o diretor, até porque, só assim, Goldman fala de si - da sua (da nossa) identidade. A maioria vai em busca de oportunidades, para ganhar dinheiro. O perfil desse migrante pouco muda - em geral é pobre e busca lá fora a vida que aqui não teve. Goldman reconstitui a história de Jean Charles pelo olhar de sua prima, a personagem de Vanessa Giácomo.
Jean Charles começa e termina com ela, em diferentes momentos de sua vida. ?Essas coisas vão saindo naturalmente. Não são premeditadas. Chega um momento em que o roteiro e os personagens exigem soluções.? Para contextualizar as circunstâncias da morte de Jean Charles, Goldman recria o clima de paranoia nessa Inglaterra assolada por ataques do terror. E ele não transforma Jean Charles num herói. ?Não queria exagerar, fazendo dele um santo. Com um ator como Selton e com a linha dramática já definida - esse cara é uma vítima, com certeza -, posso fazer dele uma figura mais complexa.?
Jean Charles é um virador. A luta pela sobrevivência o faz pisar na bola. Quando sua vida parece que vai endireitar de vez, ocorre a tragédia - ele está no local errado. Fim - para Jean Charles, mas não para Vanessa, personagem principal no filme. Goldman tem ouvido que sua ficção tem muito de documentário. ?Não sei o que é isso; não consigo conceituar o que é um e o que é outro. Quis fazer um filme verdadeiro.? As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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