Estréia '2.º Manifesto da Mímica Total', pela Cia. Luis Louis

Ator-perfomer responde às perguntas de improviso, sem lê-las, explicando espetáculo que estréia no CCSP

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Por Livia Deodato
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Pense rápido: o que significa mímica pra você? Se no seu imaginário apareceu um dia chuvoso na praia, com amigos dentro de casa tentando adivinhar qual é o nome do filme, os populares "sombras" com máscaras e luvas brancas ou micagens providenciais para evitar foras, é melhor começar a aprimorar o seu conceito. Um ótimo começo seria se programar para participar do 2.º Manifesto da Mímica Total, organizado pela Cia. Luis Louis, que tem início neste sábado, 10, no Centro Cultural São Paulo. Veja também:  Galeria de fotos da entrevista com Luis Luis    O ator-performer que há mais de 10 anos se dedica à arte da expressão silenciosa vai apresentar, junto a sua trupe, quatro espetáculos baseados no movimento contemporâneo que une harmonicamente pensamento, voz e corpo - 650 Mil Horas (de hoje a 1/3), Sistema Nervoso - Versão Final (16/1 a 6/2), I’ve Got a Feeling (13/2 a 27/2) e Missão Super Hiper Importante (única infantil, de 8/2 a 1/3). Trabalhos que sequer fazem uso (perdão pelo trocadilho infame) de meias-palavras para expor uma dramaturgia construída sobre o teatro, cinema, música, artes visuais e até na ciência e filosofia.   O Manifesto nasceu em fevereiro do ano passado com o objetivo de ampliar o entendimento da mímica que, na maioria das vezes, é associada automaticamente à pantomima, o mais popular dos gêneros, de caráter usualmente cômico, que apresenta o ator com o rosto pintado de branco. "A Mímica Total não é um estilo. É o ato de corporificação da vida, é tudo o que usamos para nos comunicar", diz Louis, que passou seis anos na Inglaterra, entre 1992 e 1998, estudando a arte - com passagens pelo Royal National Theatre, entre outros -, para em 2005 fundar o estúdio que leva o seu nome, um centro de pesquisa e criação da Mímica Total no Brasil.   Essa arte que tem por sinônimo o Teatro Físico, difundida no País por outros artistas como Denise Stoklos, procura seguir o mesmo caminho do crescimento de uma criança: no início tudo é silêncio e, aos poucos, o corpo e a voz vão se reavivando e trabalham organicamente. E o que o público assiste não é ficção, mas sim a própria realidade. "Trabalhamos com ‘personas’. Quem está no palco é o Luis no estado de rito, no estado dilatado", exemplifica, a fim de deixar ainda mais claro o conceito de corporificação da vida.   É nesse estado dilatado, onde ações mínimas do dia a dia tornam-se grandiosas no tablado, que também segue o tempo de um dos espetáculos. Um nocaute de dez segundos em Sistema Nervoso - Versão Final acontece em 60 minutos e traz ao ringue um bombardeio de emoções, entre desejos e medos. "A pergunta que fica é: afinal que luta é essa?", provoca Louis.   Em outra peça, 650 Mil Horas, o tempo estimado de vida do brasileiro é condensado em uma hora. "E o que sobra para nossas realizações?" Para bom entendedor, o silêncio basta.   Confira os tipos de mímica, por escrito: Mímica clássica e pantomima: O gênero mais conhecido teve seu auge no século 19. De caráter normalmente cômico, a pantomima apresenta um ator silencioso de pintura branca no rosto. Marcel Marceau foi a maior referência no gênero. Moderna: Privilegia o mínimo de elementos em cena e tem o ator como foco da criação. A voz, eventualmente, entra em ação. Jacques Copeau, Etienne Decroux e Jean Louis Barrault foram alguns pensadores do gênero encorpado no século 20. Contemporânea ou Teatro Físico: Intersecção das técnicas da mímica, usa voz, música, cenários, efeitos. Destacam-se em seu estudo Steven Berkoff, Jerzy Grotowski e Eugenio Barba. Contemporânea ou Teatro Físico: Intersecção das técnicas da mímica, usa voz, música, cenários, efeitos. Destacam-se em seu estudo Steven Berkoff, Jerzy Grotowski e Eugenio Barba.   CCSP - Espaço Cênico Ademar Guerra. R. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4001, Sáb.,  21 h; dom., 20 h. R$ 10. Até 1/3

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