Estante da Semana: uma biografia de Shakespeare, uma estréia?

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Por Agencia Estado
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Entre os lançamentos da semana, Nicodemus Pessoa indica uma nova biografia de William Shakespeare; um livro de contos de um jornalista premiado que agora entra no mundo da ficção; o relato sobre a trajetória de sete construtores de império, como George Eastman e Henry Ford; e a estréia na literatura de um especialista em mercado financeiro. UM ESCRITOR QUE PRETENDE TER INVADIDO A PRIVACIDADE DE SHAKESPEARE Quem foi mesmo William Shakespeare? Como foi que o "rude cavalariço" de Stratford, filho de um luveiro que chegou a prefeito, tornou-se tão grande poeta? Na primeira biografia popular de Shakespeare nos últimos 25 anos ? publicada pela primeira vez em 1999, e agora lançada no Brasil, Anthony Holden separou os fatos de lendas para criar um nítido retrato do escritor que recentemente foi eleito o Homem do Milênio. O livro (Ediouro, 280 páginas, R$ 32,00) também apresenta as referências bibliográficas utilizadas na pesquisa do autor, oferecendo detalhes sobre os livros que falam de Shakespeare considerados mais importantes. Nascido em Lancashire e educado em Oxford, Anthony Holden é um biógrafo best-seller e foi um premiado jornalista antes de se tornar escritor e radialista. UM REPÓRTER PREMIADO INGRESSA NO MUNDO DA FICÇÃO O jornalista Luiz Taques, um mato-grossense de Corumbá, tornou-se conhecido pelos seus textos-denúncia, mas também pelos prêmios que com eles conquistou. Em 1991, por exemplo, ganhou o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com a reportagem sobre escravidão em carvoarias de Mato Grosso do Sul (Folha de Londrina, PR). Em 1990, foi um dos ganhadores do Prêmio Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), com trabalho sobre tortura policial em Campo Grande, MS (Folha de Londrina). Em 2001, editou, para a Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul, o livro Águas, de Manoel de Barros. Agora, o repórter premiado acaba de ingressar no mundo da ficção. Em O Casamento Vai Acabar com o Poeta (Casa Amarela, 70 páginas, R$ 6,00) ele reúne onze contos. Histórias curtas, curtíssimas, estilo Dalton Trevisan. Como diz, na apresentação do livro, o crítico Ahmad Shcabib Hany, Taques "com o olhar de peregrino, que o torna mais partícipe que testemunha, constrói o rico universo social de suas personagens com vida própria, frutos de sua pródiga imaginação, lastreada em sua invejável trajetória de repórter ávido de verdade". AS HISTÓRIAS DE SETE CONSTRUTORES DE IMPÉRIOS. GRANDES IMPÉRIOS. O autor, Richard S. Tedlow, é professor de negócios da Haward Business School e um estudioso da trajetória de grandes empresas. Sabe, portanto, do que fala. O livro 7 Homens e os Impérios que Construíram, que acaba de ser lançado no Brasil (Futura, 520 páginas, R$ 49,00) conta as histórias de alguns dos personagens mais marcantes da história do capitalismo. Ou seja, empresários nota 1000. Quem são os sete homens e os impérios que construíram? Lá estão, por exemplo, as histórias de George Eastman, o homem da Kodak, de Henry Ford, o dos automóveis, e de Thomas Watson, da IBM. Os outros quatro, menos conhecidos mas de trajetórias também marcantes, são Charles Revson, Robert Noyce, Andrew Carnegie e Sam Walton. O livro de Richard S. Tedlow foi eleito pela conceituada revista Business Week como um dos dez melhores na área de negócios. UMA CIÊNCIA MUITO MALUCA. MAS PÕE MALUCA NISSO. O que você pensaria de um cientista famoso, respeitado, que lhe dissesse que o sistema solar tem dois sóis e não apenas um? Ou de outro que lhe garantisse que não é o vírus HIV que causa a AIDS? Pode parecer maluquice, mas não para eles. Muitas das grandes verdades científicas de nosso tempo nasceram assim, de proposições que, de início, pareciam estapafúrdias. Um divertido (e também sério) passeio por essas idéias ? maisexatamente, nove delas ? , é o que nos propõe em As Nove Idéias + Malucas da Ciência o físico Robert Ehrlich, professor da Universidade George Mason, nos Estados Unidos. Mergulhando em assuntos do dia-a-dia, como criminalidade urbana ou o bronzeamento de pele, e em temas intrigantes como o Big Bang ou a viagem no tempo, Ehrlich consegue expor em linguagem simples, sem paixões, e com farta leitura de muitas fontes, os méritos de cada hipótese para avaliar se ela tem futuro.Prepare-se: algumas de suas conclusões são surpreendentes. Um dos méritos do livro (Prestígio, 272 paginas, R$ 39,00) é que Ehrlich não está preocupado em "vender" sua posição. O que ele quer,mesmo, é criar um método de investigação, para que cada um, a seu modo, examine essas idéias ou qualquer outra. Naturalmente, só o tempo dirá se alguma das nove "idéias malucas" discutidas no livro é verdadeira. Mas descobrir idéias preciosas, num caldeirão de palpites bizarros, é por si um exercício fascinante. NOS BASTIDORES DE UMA ELEIÇÃO, UM NOVO ROMANCISTA. Um especialista em mercado financeiro estréia como romancista: Eduardo Caldeira, ex-vice-presidente da Oppenheimer, uma das maiores corretoras de valores dos Estados Unidos. Em seu livro, Operação Trinindad (Editora Mameluco, 384 páginas, R$ 26,00), ele tenta desvendar a construção de uma campanha eleitoral no Brasil. Com experiência em transações financeiras, Caldeira descreve um país que raramente aparece na ficção: urbano, metropolitano e onde a principal regra é salvar a própria pele, de preferência com os bolsos cheios. "Já vi muito operador envolvendo-se com esse tipo de falcatrua e colocando sua vida em risco, como o protagonista do livro", afirma ele. O personagem principal de Operação Trinidad, Tomás de Almeida, um operador do mercado financeiro internacional, preenche uma noite de insônia telefonando para dar palpites no programa de um pastor evangélico. No dia seguinte, é procurado pelo apresentador, e acaba envolvendo-se numa operação delicada: levantar 80 milhões de dólares em dinheiro ilegal para financiar a campanha de um candidato a presidente da República. UM NOVO LIVRO DE ARBEX, COM O SELO DA CASA AMARELA. Um novo livro do jornalista e professor José Arbex Jr. Um livro que, aliás, já chega às prateleiras como um permanente convite a debates. Polêmico, a começar pelo título: O Jornalismo Canalha (Casa Amarela, 195 páginas, R$ 26,00). Nele, Arbex, editor especial da revista Caros Amigos, denuncia a promíscua relação entre a mídia e o poder. Um dos casos analisados é a cobertura jornalística da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em março deste ano, no qual ele vê "um dramático exemplo do preconceito, parcialidade e mistificação com que os grandes veículos de comunicação tratam os eventos da conjuntura mundial". Mas também não são poupadas de críticas outras coberturas, como a do atentado terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001; o conflito na Palestina após o fracasso dos acordos de Oslo; o frustrado golpe de Estado na Venezuela, em abril de 2002; os conflitos na Amazônia após o anúncio do Plano Colômbia, no final de 2000; e os movimentos sociais no Brasil, em particular a luta pela reforma agrária. Em todos esses casos, segundo o jornalista, a "grande mídia" adotou um ponto de vista servil. No Brasil, especialmente, acrescenta ele, é marcante a sustentação do "discurso de mercado" e, como conseqüência, a total hostilidade (de TVs, jornais e revistas) para com os movimentos sociais.

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