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Estante da Semana: Thiago de Mello, Câmara Cascudo...

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre os lançamentos de livros, Nicodemus Pessoa indica textos reunidos de Thiago de Mello sobre o Amazonas; um estudo sobre os mitos brasileiros, pelo mestre Luís da Câmara Cascudo; e um corajoso e bem-humorado volume sobre a vida sexual dos papas. A VIAGEM DO POETA PELO GRANDE RIO. Era o ano, agora distante, de 1953. De uma viagem do poeta Thiago de Melo pelo rio Amazonas e seus barrancos nasceu o livro Amazonas ? Pátria da Água, que andava desaparecido mas agora foi reeditado. São textos e poesias sobre o nascimento do grande rio e toda maravilha que é o universo mágico do mais belo espaço verde da Terra: a Amazônia. Uma viagem em pleno verão, lembra o poeta. A sua intenção, na época, era, com o livro, "despertar os homens do silêncio e da apatia, para que aprendam a linguagem da simplicidade, aprendam a ouvir os pássaros, a contemplar a grandeza do firmamento e a decifrar os mistérios da natureza". Logo no prefácio de Amazonas ? Pátria da Água (Bertrand Brasil, 144 páginas, R$ 22,00), Thiago Melo, que nasceu na pequena cidade de Barreirinha, fincada à margem direita do Paraná de Ramos, o braço mais comprido do Amazonas, começa a série de denúncias contra agressão ao rio e às matas. A floresta, escreve ele, precisa de cuidados: cada ano que passa, milhares de quilômetros verdes desaparecem, para nunca mais voltar. Um parágrafo do longo prefácio, escrito há quase cinqüenta anos, no qual se vê como são antigas as agressões, que continuam até hoje: "(?) Nem precisa ser cientista para saber o que andam fazendo com a floresta. Se for esperar pelo governo, a floresta estará com os seus dias contados, devastada, não pelo furor das motosserras, dos tratores e dos incêndios criminosos, mas pela fúria da má-fé, da incompetência e do descaso. Mas nem tudo está perdido. Há muita gente vigilante, aqui e pelo mundo afora, enfrentando os inimigos da floresta, que jamais dormem e são cheios de olhos, torpes figuras do Apocalipse". A GEOGRAFIA DOS MITOS, SEGUNDO CÂMARA CASCUDO. Um livro que conduz o leitor, a cada página, a uma viagem pelos mais longínquos recantos do chão brasileiro. Geografia dos Mitos Brasileiros, que rendeu a Luís da Câmara Cascudo o Prêmio João Ribeiro, concedido pela Academia Brasileira de Letras em 1948, está de volta às livrarias. Com ele (Global, 400 páginas, R$ 48,00), a editora dá continuidade à publicação dos principais textos do escritor. O mestre Câmara Cascudo classificou o resultado de sua pesquisa da seguinte maneira: dividiu os mitos em primitivos, secundários e locais. Subdividiu-os em mitos gerais indígenas e europeus, que, por sua vez, foram rearticulados pelas influências das tradições culturais do período colonial brasileiro. A pesquisa sobre cada assunto foi realizada por Estados, com um minucioso levantamento de suas características regionais. Quando especifica os mitos primitivos gerais, o autor indica as distinções para estórias como as do Saci-pererê, Lobisomem, Jurupari e Caapora. Além disso, dispõe o que classifica de ciclo da angústia infantil, quando fala de Tutu, Bruxa, Coca e Cuca, e ciclo dos monstros, quando escreve sobre o Papa-figo, Bicho-homem, Capelobo e outros. Ao final, Câmara Cascudo apresenta alguns anexos em que é possível detalhar o conjunto de mitos de alguns Estados brasileiros. Além de trazer O Fabulário Poético, do potiguar Luís da Costa Pinheiro, um texto de Gonçalves Dias sobre as fabulas maranhenses, traz também um outro texto sobre os mitos amazônicos, do naturalista bávaro Karl Friederich Philipn von Martius, que esteve no Brasil entre 1817 e 1920. O GRANDE PODER DE GUERRA DO OCIDENTE. O autor, Victor Davis Hanson, é historiador militar e professor da Universidade Estadual da Califórnia. Em Por que o Ocidente Venceu/ Massacre e cultura ? da Grécia antiga ao Vietnã, agora lançado no Brasil, ele recria nove confrontos importantes entre exércitos ocidentais e não-ocidentais e tenta, assim, explicar as razões para a dominação global do Ocidente. Segundo Hanson, a ascensão do Ocidente é um resultado lógico do seu dinamismo expressado em seu modo de guerrear. O livro (Ediouro, 703 páginas, R$ 79,00) enumera as características dos exércitos bem-sucedidos ? que incluem iniciativa individual, melhor organização, maior disciplina, acesso a armas exclusivas e, ainda, adaptação e flexibilidade tática. Mostra também de que maneira essas características desenvolvem-se e florescem como resultado de instituições tão tipicamente ocidentais quanto o governo consensual, a liberdade de investigação e a iniciativa inovadora, o racionalismo e o valor dado à liberdade e ao individualismo. Esses são os segredos para a imposição de ideais sociais, econômicos e políticos às civilizações oponentes. O autor não tem, no entanto, a pretensão de explicar a natureza e evolução geral da civilização ocidental como um todo, apesar de discutir questões mais amplas sobre governo, religião e economia. Seu objetivo principal é simplesmente explicar o poder militar ocidental. Por que o Ocidente Venceu não foi escrito para especialistas acadêmicos, mas sim para o leitor geral, podendo este ser especialista ou não, e tem o intuito de oferecer uma síntese da sociedade ocidental em guerra ao longo de 2500 anos de História. OS PAPAS E SUAS TRAQUINAGENS NO VATICANO. Um livro corajoso e bem humorado. Nele, A Vida Sexual dos Papas, o jornalista britânico Nigel Cawthorne revela as aventuras secretas - ou, às vezes, inteiramente públicas, vividas por pontífices de uma Roma dissoluta que ao mesmo tempo impunha, a toda a cristandade, as obrigações de castidade. A decadente corte papal de Avignon, as noitadas promovidas pelos Bórgia em Roma, a luxúria dos tempos de Leão X, Alexandre VI, Clemente VII, Gregório XIII e tantos outros, num mundo de orgias onde tudo valia. A Vida Sexual dos Papas (Prestígio, 351 páginas, R$ 45,00), que sai agora no Brasil, é o livro mais popular de Nigel Cawthorne, autor de mais de 60. "Já foi traduzido para 23 línguas, mas os lugares onde faz mais sucesso são os países católicos", diz o autor. Em capítulos marcados por irreverência e fidelidade aos fatos históricos, o jornalista apresenta histórias que ensinam e surpreendem da primeira à última página. ATENÇÃO, TEM BRANCATI NA LIVRARIA. O italiano Vitaliano Brancati está de volta. Agora impresso. O seu romance O Belo Antonio, no qual baseou-se o filme dirigido por Mauro Bolognini, e que tinha Marcelo Mastroiani no papel principal ­ um sucesso de bilheteria em todo o mundo nos anos 60 - pode agora ser encontrado nas livrarias. O livro faz parte da coleção Letras Italianas. Em O Belo Antonio (Berlendis & Vertecchia, 336 páginas, R$ 34,00), uma sátira política, Brancati junta o sarcasmo à hilaridade ao utilizar a metáfora do belo Antonio, o jovem impotente que representa o limite encarnado do supremo ideal do fascismo e da sociedade burguesa no sexo, na impotência moral, militar e política do regime. O escritor Vitaliano Brancati, um siciliano de Pachino, foi também roteirista de cinema, tendo trabalhado com os diretores Mario Monichelli e Roberto Rossellini.

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