PUBLICIDADE

Estante da semana: contos, atualidades, psicanálise?

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre os lançamentos de livros, Nicodemus Pessoa indica um que reúne contos de Orígenes Lessa, Rachel de Queiroz, Josué Montello e Aníbal Machado, um estudo sobre a mistura de jornalismo com espetáculo, e um volume que reúne textos de 11 autores sobree o psicanalista Wilhelm Reich. Quatro dos BONS CONTISTAS brasileiros. Os quatro no mesmo livro. Um livro que está chegando à 13ª edição, coisa rara no Brasil. Muito rara. Nele, O Melhor do Conto Brasileiro, estão o paulista Orígenes Lessa, a cearense Rachel de Queiroz, o maranhense Josué Montello e o mineiro Aníbal Machado. O livro (José Olympio, 176 páginas, R$ 19,00) publica dois contos de cada autor. De Aníbal Machado, o seu elogiado Tati, a garota e A morte da porta-estandarte; Josué Montello: Vidas Apagadas e Numa véspera de Natal; Rachel de Queiroz: A casa do morro branco e Tangerine-girl; Orígenes Lessa: Viúvas, enfermos e encarcerados e Esperança Futebol Clube. O QUE VOCÊ PREFERE LEITOR: A NOTÍCIA OU O ESPETÁCULO? Os números fazem parte hoje de relatórios oficiais da ONU.Pelo menos 100 mil pessoas, incluindo mulheres, adolescentes e velhos iraquianos, morreram sob as 88,5 mil toneladas de bombas que os Estados Unidos despejaram em Bagdá, durante quarenta dias e noites, em janeiro e fevereiro de 1991. Mas quem acompanhou a transmissão da guerra ao vivo e a cores, em tempo real, feita pela rede mundial de televisão a cabo CNN, não viu sequer uma morte. As imagens mostraram uma guerra sem sangue. Uma parte da mídia impressa, por sua vez, utilizou as imagens distribuídas pela televisão para "analisar" o desenvolvimento do conflito e elaborar as notícias. Reforçou, com isso, a versão da "guerra limpa". Como foi possível levar a opinião pública a aceitar a versão absurda de que ninguém morreu em Bagdá, então uma capital com quase 5 milhões de habitantes? Que tipo de "mágica" permitiu à televisão ocultar um morticínio de gigantescas proporções? E se isso foi possível no caso da cobertura de uma guerra, que garantias tem o cidadão comum de que aquilo que ele vê na telinha ou lê nos jornais corresponde, ainda que minimamente, ao que de fato acontece na "vida real"? O livro Showrnalismo, do jornalista José Arbex Jr., que acaba de ser relançado, pretende oferecer respostas. O título, óbvia provocação, oferece uma pista daquilo que o autor julga ser o centro do problema na mídia, no mundo contemporâneo: transformar tudo em espetáculo. "Os fatos estão sendo tratados como um grande show segundo uma concepção maniqueísta do bem contra o mal", diz Arbex. Showrnalismo (Casa Amarela, 290 páginas, R$ 21,50) é o resultado da tese de doutorado que José Arbex Jr. defendeu no Departamento de História da USP. Mas é, sobretudo, resultado de sua experiência como repórter e das coberturas que fez de alguns dos eventos internacionais mais importantes do século passado, aí incluindo-se a queda do Muro de Berlim e a Primavera de Pequim. Atualmente, Arbex é editor da revista Caros Amigos e dá aulas de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica ( PUC ) de São Paulo e na Casper Líbero. A OBRA DO PSICANALISTA AUSTRIACO WILHELM REICH, EM ONZE TEXTOS BRASILEIROS. Um livro de onze autores, mas um único tema: a obra (vasta) do médico e psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957). Em Reich: o Corpo e a Clínica (Summus Editorial, 134 Páginas, R$ 17,80), a amplitude do pensamento reichiano merece diferentes leituras e pontos de vista sobre as suas formulações, seus conceitos e, especialmente, sua riqueza. A organização do trabalho coube ao psicólogo Nicolau Maluf Jr., coordenador científico da Associação de Psicoterapia Corporal do Rio de Janeiro e membro fundador da Escola da Clínica Somatopsicanalítica. Na apresentação do livro, Nicolau Maluf Jr. afirma que os reichianos brasileiros, embora poucos ? numericamente falando ?, estão entre os mais instigantes e questionadores do mundo e, como se verá em cada um dos onze artigos, são também de uma capacidade ímpar na produção de enfoques interdisciplinares. A HISTÓRIA DE UM EMBAIXADOR QUE ENOBRECE A DIPLOMACIA BRASILEIRA. Um lançamento recente. Em Quixote Nas Trevas: O Embaixador Souza Dantas E Os Refugiados Do Nazismo (Record, 540 páginas, R$ 45,00), o historiador Fábio Koifman conta a história de Luiz Martins de Souza Dantas, que chefiou a embaixada brasileira na França durante 20 anos, alguns deles durante a Segunda Guerra. Movido pelo que chamava de sentimento de piedade cristã, Souza Dantas desafiou de uma só vez o Terceiro Reich e as orientações de política externa de Getúlio Vargas. Ajudou judeus, comunistas e homossexuais vítimas do nazismo. O livro traz uma lista inédita com o nome de todas as pessoas salvas por Souza Dantas enquanto trabalhava na embaixada brasileira em Vichy. O embaixador salvou cerca de mil pessoas, dentre as quais Koifman levantou 473 nomes. Judeus e não-judeus. Entre as pessoas salvas pelo diplomata estão o diretor teatral Zbignew Ziembinski e um dos organizadores do primeiro Rock in Rio, Oscar Oreinstein. Souza Dantas arriscou sua posição - e a própria vida - ao garantir vistos de saída da Europa a judeus perseguidos pelas tropas de Hitler. Esse fato, desconhecido até mesmo por amigos próximos do embaixador, foi o tema da dissertação de mestrado de Koifman e base para o processo de reconhecimento de Dantas pelo Museu do Holocausto, de Israel. UMA ANDANÇA PELAS LENDAS E FÁBULAS DOS BICHOS. LEITURA PARA CRIANÇAS. Depois do recente Rio Acima Mar Abaixo, um sucesso de vendas, Rogério Andrade Barbosa apresenta-nos agora Lendas e Fábulas dos Bichos de Nossa América, um livro de contos da literatura oral das Américas do Sul, Central e do Norte. Contos por ele selecionados. As ilustrações são de Graça Lima. O livro (Melhoramentos, 32 páginas, R$ 23,00) reúne um conjunto de histórias bem-humoradas entre as quais A raposa e o tatu (Argentina), Siripita, o rei dos insetos (Bolívia), Por que o japim e o maribondo são amigos (Brasil), A festa dos pombos (Costa Rica), O castor, porco-espinho e a canção do vento (EUA), Por que os ratos tem medo das mulheres (Guatemala), Xdzunúum, o colibri (México) e A menina que se transformou numa garça (Peru). Rogério Andrade Barbosa, escritor e professor, publicou pela Melhoramentos, em mais de 15 anos, 13 dos 34 livros que escreveu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.