19 de abril de 2013 | 10h41
Antes de chegar ao Sesc Vila Mariana, Esta Criança foi vista no Rio. Lá, venceu em quatro das cinco categorias do Prêmio Shell a que estava indicada, entre elas melhor atriz para Renata Sorrah e melhor diretor para Marcio Abreu. No ano passado, a Cia. Brasileira também arrematou os prêmios Bravo! e APCA de melhor espetáculo para Isso Te Interessa?
As premiações servem para confirmar uma trajetória ascendente. Mesmo fora do eixo Rio- São Paulo, esse conjunto de artistas criado em 1999 foi capaz de demarcar seu espaço. Após uma série de bons espetáculos, alcançaram projeção inegável com Vida (2010). E foi precisamente nesse momento que despertaram a atenção de Renata. "Eu me lembro de ter ficado encantada quando assisti à peça. Tudo ali me instigava, o texto, os atores, a presença que eles tinham no palco."
Presença é palavra determinante para quem quiser entender o que torna esse teatro tão especial. Em cada uma de suas criações, a Companhia Brasileira de Teatro exibe um estilo de interpretação peculiar, que não se relaciona propriamente com a ideia de representar um personagem, mas com determinada maneira de estar no palco. Algum território de sensibilidade e simplicidade. Um processo em que os atores não devem apagar sua individualidade para dar lugar a um outro. Ao contrário.
Todo esforço é para que "sejam eles mesmos". "É uma tentativa de me colocar ali como pessoa, não só como atriz", considera Renata. "Eu tenho opinião, uma história, algo que o Marcio percebe e convoca. Sei reconhecer o melhor que eu, da maneira como sou, posso dar."
No caso de Esta Criança esse exercício de "estar presente" ganha um grau de dificuldade extra. Isso porque todo o material com o qual a peça está lidando é essencialmente dramático: em dez episódios, o autor disseca infelicidades familiares. Nascimentos, brigas, mágoas e mortes envolvendo mães, pais e filhos. Sem assumir o lugar de protagonista, Renata Sorrah reveza-se com Giovana Soar, Ranieri Gonzalez e Edson Rocha para dar corpo a diferentes personagens e tramas. Há a mulher grávida que tem a esperança de que o bebê prestes a nascer a redima de todas as faltas. O pai que não pode mais trabalhar e é agredido e humilhado pelo filho adolescente. A mãe que precisa ir ao necrotério para reconhecer um corpo que pode ser o do seu filho.
ESTA CRIANÇA - Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, tel. 5080-3000. 6ª e sáb., às 21 h; dom. às 18 h. R$ 32. Até 9/6.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.