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Palco, plateia e coxia

Esses dinamarqueses!

O marasmo das coisas que funcionam, museus que abrem, teatro encenado, filmes na tela grande ou até fazer um doutorado sobre um tema inútil

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Por João Wady Cury
Atualização:

Vou me oferecer como cobaia. Convidar uma dinamarquesa ou um dinamarquês para uma troca: passa um ano no Brasil e eu, um na Dinamarca. Quem sabe assim será possível desfrutar o ‘taedium vitae’ que deve assolar aqueles humanos. O marasmo das coisas que funcionam, museus que abrem, teatro encenado, filmes na tela grande ou até fazer um doutorado sobre um tema inútil. Andar em direção a uma banca de jornais e saber que estará aberta; as poucas que sobraram aqui, fecharam ou andam à meia porta.

O cineasta dinamarquês Lars von Trier Foto: Thomas Peter/Reuters

Louisiana na Dinamarca

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Esse negócio de as coisas darem certo deve ser um horror. A ideia sem pé nem cabeça veio depois de visitar – digitalmente, claro – o Louisiana. Há o Louisiana na Dinamarca, Museu de Arte Moderna. É também canal de tevê, Louisiana Channel (

channel.louisiana.dk

), e possivelmente algo mais que o valha. Jorram cultura e informação. Comecei pelo mais odiado e amado patrimônio nacional do cinema dinamarquês, Lars Von Trier. Confessa na entrevista um quase encontro com David Lynch (

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youtu.be/w7 TygmlYgyI

). Na versão completa (

vimeo.com /494077854

), Mr. Dogma95, sacolejante e faceiro, olha o infinito e fala de sua admiração por Twin Peaks. O título dado à conversa é

O Fardo do Pato Donald.

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Lembrei de um vídeo produzido na Islândia, há dez anos, por uma trupe de humor. Simula o jeito Dogma de fazer cinema: o Pato Donald é pego com drogas. Nem adianto como seu chapa, o chapado Pateta, se comporta (

youtu.be/1b7h6pyJ83M

).

Esses dinamarqueses são um azougue. Há uma entrevista com o artista conceitual Simon Starling. Trata de sua produção mais recente e sua visão sobre a arte neste momento tão grave de nossas vidas (

youtu.be/TYjsUYjJ6hg

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). Mas o melhor é Laurie Anderson, a mais multimídia de todas: comenta sobre sempre estarmos em modo pânico, provocado pela mídia, à espera permanentemente de que algo ruim aconteça em nossas vidas (youtu.be/hpec93exiHI). A conversa foi gravada há dois anos. Poderia ser refeita hoje, tadinha.

Se acha que a coisa já está boa, sigamos o caminho da luz. O Louisiana abriu semana passada a exposição do norte-americano Arthur Jafa, que segue até outubro. Presencial. No mundo digital, além de pinceladas sobre a obra, o site traz uma entrevista com o rapaz. Não perca de vista a bela sala de Alberto Giacometti. Se conseguisse realmente uma vítima, quer dizer, trocar de papéis com um bravo dinamarquês ou dinamarquesa, hoje não perderia de vista a princesa Benedita da Dinamarca, irmã da rainha Margarida II, e a ajudaria hoje a assoprar as velhinhas de seu bolo de aniversário. Com todo respeito, claro.

É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS

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