08 de julho de 2010 | 09h06
Numa cidade em que o palco mais tradicional, o Canecão, passa por problemas na Justiça, em que praticamente não há lugares para se ouvir jazz e bossa nova (com o fechamento do Mistura Fina e outras do gênero), e onde os maiores locais são grandes e longe demais (Arena, para até 15 mil pessoas, e Citibank Hall, para 8,4 mil, na zona oeste), a notícia é mais triste ainda.
"Aqui é o lugar de quem está começando. Hoje vim pelo Autoramas", contou a publicitária Ana Beatriz Bordini, de 22 anos, na sexta, noite do show da despedida. "O Rio tem muito lugar pra samba, tem a Lapa, mas é só", reclamou o cineasta mineiro Marcio Ventura, de 31, habitué do Cinemathèque.
O proprietário Leo Feijó (sócio de Daniel K e Rodrigo Pinto) foi contactado pelos donos do imóvel recentemente, com a notícia de que ele seria demolido. Leo encerra suas atividades ali, mas já procura outro ponto. "Paramos no melhor momento, de programação, público e faturamento", lamenta Leo, que, com sua casa, acabou por dar fôlego ao chamado Baixo Botafogo, com a abertura e incremento de bares e os cinemas de arte que já existiam.
O problema não é só o fim do Cinemathèque. "As outras cidades tem dois ou três lugares para cada tipo de artista. No Rio, não tem", reclama Carlos Costa, empresário de Ivan Lins. Quando vier divulgar o CD Intimate, que gravou na Holanda, Ivan gostaria de tocar no Teatro Tom Jobim. "Mas lá também não tem estrutura de som e de luz para um show como o dele."
João Mário Linhares, que hoje trabalha com Ney Matogrosso, Roberta Sá e já passou por Nana Caymmi, MPB 4, João Bosco, Fernanda Abreu, Edu Lobo - são 35 anos de show biz -, sente falta de casas com 500, 600 lugares (caso do Tom Jobim). "Lembro do Gal Tropical em cartaz por seis meses... E do Tom Jobim dizendo que tudo que ele mais gostava era fazer temporada no Canecão de quinta a domingo", diz Linhares, para quem a solução é a abertura de casas novas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Encontrou algum erro? Entre em contato