Escultura de Vlavianos é registrada em livro

Vlavianos, a Práxis da Escultura, que será lançado na Faap, celebra a obra de um dos mais importantes escultores que atuam no Brasil e completa a retrospectiva de sua obra, em cartaz desde o dia 16 de fevereiro também na Faap

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Por Agencia Estado
Atualização:

O livro Vlavianos, a Práxis da Escultura, que será lançado quinta-feira à noite, celebra a obra de um dos mais importantes escultores que atuam no Brasil e vem completar a retrospectiva de sua obra, em cartaz desde o dia 16 de fevereiro na Faap. Iniciando uma nova série de obras sobre artes plásticas da editora Globo, a publicação é uma obra de várias mãos. Um rico material fotográfico, que permite acompanhar a evolução da escultura do artista grego década a década - desde o período parisiense (1956-1961) até os dias atuais, é entremeado por textos de críticos e historiadores brasileiros. Começando com um texto do historiador Walter Zanini e terminando com uma análise do crítico e cineasta Olívio Tavares de Araújo (duas visões diferentes mas igualmente admiradas com a obra universal de Vlavianos), o livro ainda costura ao longo das páginas depoimentos e críticas publicadas ao longo da carreira do escultor por nomes do calibre de Aracy Amaral e Mário Pedrosa e por especialistas estrangeiros como Efi Ferentinou, Hedy O´Beil, MArc Berkowitz e Angelos Camillos. Além de estar representado pelas suas esculturas, Vlavianos ainda comparece com uma entrevista concedida a Mário Chamie e com um depoimento tão curto quanto preciso, que define de forma bastante concreta a essência de sua obra. "O que mais me fascina na escultura é a aventura física: de um lado, uma idéia em formação; de outro, um monte de materiais inertes, mas com características próprias. Um indo ao encontro de outro. Nas minhas esculturas estão sempre presentes dois elementos, duas forças antagônicas. O diálogo que se estabelece entre esses dois elementos é a própria história do homem. O elemento mental e o elemento animal. A razão e o impulso", afirma o artista, nascido em 1925 na Grécia, e que adotou o Brasil como residência em 1961. Nessa época, Vlavianos já tinha uma certa experiência, adquirida em Paris (para onde se mudou em 54 para estudar escultura), e veio a São Paulo para representar a Grécia na 6.ª Bienal de São Paulo, decidindo fixar residência definitivamente por aqui. Evidentemente, a obra de Vlavianos caminhou, e muito, ao longo desses anos em que ajudou a formar várias gerações de artistas - é professor da Faap há 32 anos. Mas uma das características mais impressionantes de sua obra é a unidade, a coerência, que faz com que as pessoas reconheçam quase de imediato que aqueles estranhos seres de metal nasceram de suas mãos. O metal, trabalhado por meio de cortes, dobras, estranhas engrenagens e superposições, dá à obra de Vlavianos um aspecto muitas vezes agressivo, incômodo. Ela nasce da era das máquinas e reflete a perversidade do mundo tecnológico. Mas ele não deixa de lado um certo lirismo, a necessidade de estar permanentemente lidando com as belas coisas desse mundo, como os pássaros, o mar, as nuvens ou a utopia refletida em seus poderosos astronautas. Essa dualidade evidencia-se também no contraste entre o liso e o rugoso, a forma retilínea e brilhante e as retorcidas figuras que lembram velhos barbantes ou cipós. Vlavianos, a Praxis da Escultura. De Walter Zanini e Olívio Tavares de Araújo. Editora Globo. 264 páginas. R$ 69,00. 5.ª feira, às 19 horas. Salão Cultural do Mab/Faap. Rua Alagoas, 903, tel. 3662-1662 ramais 1123/1171

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