O escritor catalão Juan Marsé ganhou nesta quinta, 27, com o Prêmio Cervantes, considerado o mais importante da literatura em espanhol e que é concedido pelo Ministério da Cultura em reconhecimento ao conjunto da obra de um escritor, conforme anúncio do ministro da cultura espanhol César Antonio Molina. Ele venceu "por sua vocação para a escrita, por sua vida dura e sua capacidade de refletir a Eapanha do pós-guerra", disse o presidente dos jurados José Manuel Blecua. Marsé, por sua vez, disse que sentía "muita alegría" por ter afinal conquistado o prêmio, do qual foi finalista por "dois ou três anos". Aqui no Brasil talvez Juan Marsé seja mais conhecido por uma de suas obras adaptadas ao cinema, O Feitiço de Xangai (El Embrujo de Shanghai), de 1993, que chegou às telas em 2002, com direção de um dos principais cineastas espanhóis, Fernando Trueba. O autor de Últimas Tardes Con Teresa, seu romance mais famoso, e Rabos de Lagartixa - único romance publicado em português pela editora Siciliano, em 2004 -, tem 75 anos e nasceu em Barcelona, onde vive. Marsé é um romancista de longa e reconhecida trajetória, reconhecido por retratar em seus romances a decadência da sociedade catalã após a guerra civil espanhola (1936-1939). Para grande parte da crítica, o universo de Marsé, cheio de personagens perdedores e sem esperança, reflete à perfeição o sofrimento que entre 1940 e 1950 padeceu o grupo derrotado na luta contra a ditadura do general Francisco Franco. A relação do autor com o cinema também foi bastante prolixa. Trabalhou como roteirista em muitos de seus romances que foram levados às telas, como . Ultimas Tardes com Teresa, de 1966, um de seus romances mais famosos, e duas de suas obras mais recentes, O Feitiço de Xangai (El Embrujo de Shanghai), de 1993, e Canciones de Amor en Lolita's Club (2005), foram adaptados ao cinema. O prêmio Cervantes, concedido pelo Ministério da Cultura espanhol, oferece um prêmio maior este ano, que chega a 125 mil euros, superando os 90 mil euros concedido em anos anteriores. O ganhador de 2007 foi o poeta argentino Juan Gelman. Isso reforça a lenda de que em anos alternados o prêmio vai para um escritor espanhol e outro iberoamericano. Até agora, o Cervantes foi conquistado por 18 escritores espanhóis e 16 latino-americanos, sendo que entre eles contam-se apenas duas mulheres: a espanhola María Zambrano e a cubana Dulce María Loynaz. Entre os vencedores figuram nomes importantes da literatura hispânica, como o argentino Jorge Luis Borges (1979), o mexicano Octavio Paz (1981), o peruano Mario Vargas Llosa (1994) e o espanhol Camilo José Cela (1995). Como manda a tradição, Marsé receberá seu prêmio no próximo 23 de abril em uma cerimônia em Alacalá de Henares, cidade natal de Miguel de Cervantes.