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Escritor cubano faz palestra amanhã em SP

Pedro Juan Gutiérrez, autor de Trilogia Suja de Havana e O Rei de Havana, lançados no Brasil, conta que conheceu seus personagens em 26 anos de jornalismo. Fala mais, em palestra amanhã, no Espaço Unibanco de São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

Fisicamente, o escritor Pedro Juan Gutiérrez não parece um cubano típico. É mais contido e mais claro que seus conterrâneos, mas seus livros (Trilogia Suja de Havana, O Rei de Havana, lançados no Brasil, e Animal Tropical) falam de gente que só poderia morar lá. São pessoas vivendo na pobreza, mas que não desanimam nem perdem a alegria e a garra de viver. As exceções são os protagonistas do primeiro e do último livros. Não por acaso, ambos se chamam Pedro Juan e afogam a raiva e a frustração em sexo e na bebida. "Escrevi a Trilogia entre 1994 e 1997, época em que vivia uma crise pessoal e Cuba, uma crise econômica", conta ele que faz palestra, nesta terça-feira, às 19 horas, na sala 4 do Espaço Unibanco, em São Paulo. "Não foi um projeto intelectual e, sim, um desabafo sobre a situação que enfrentava. Bem ao contrário dos outros livros, que partiram de um plano preestabelecido." Gutiérrez veio ao Rio para a 10.ª Bienal do Livro. Diz que seus personagens estão nas áreas pobres de todas as cidades. Conheceu-os em seus 26 anos de jornalista. "Muito do que apurava não era publicado e foi se acumulando até que tive de escrever os livros." Apesar do sucesso fora de Cuba, seus livros não foram publicados na ilha de Fidel Castro. "É o meu sonho, mas nenhuma editora se interessou", diz. Mesmo assim, os livros circulam em Cuba, em edições espanholas, e Gutiérrez reconhece ser amado ou odiado com intensidade. "Faço uma literatura desrespeitosa e sei que não agrado a todos", diz. "Mas a literatura existe para fazer pensar, emocionar e deixar algum resquício em quem lê. Só assim vale a pena."

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