Escolinha do Silvio

Versão nacional da mexicana Carrossel estreia amanhã no SBT

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Por Cristina Padiglione
Atualização:

O SBT demorou 20 anos para perceber que Carrossel, novela mexicana que comeu uma fatia da audiência da Globo na época, valia a produção de uma versão nacional. Amanhã estreia a Carrossel brasileira, feita nos estúdios de Silvio Santos, em 260 capítulos, com texto final de sua mulher, Iris Abravanel. É programa para crianças. Mas, como em 1992, Iris espera que os adultos sejam seduzidos pelo zapping dos pequenos. "É uma novela para a família", aposta a autora. A questão é saber se o atual público infantil, cuja atenção já está fragmentada entre várias plataformas de mídia, será atraído pela caricatura de rotina escolar que conquistou a plateia em 1992. Os uniformes do figurino seguem traços conservadores - quem hoje usa gravata e saias na altura do joelho?Mas alguns conflitos, como o racismo expresso pela paixão do negro Cirillo (Jean Paulo Santos) pela branca Maria Joaquina (Larissa Manoela), que o rejeita, infelizmente não envelheceram e têm potencial para provocar a audiência. Os constrangimentos que sempre existiram entre os muros da escola, coisa a que hoje chamam de Bullying, lá estarão. "Bullying sempre vai existir. Em algumas situações, prepara a criança para aprender a se defender no futuro", acredita Íris.Se a caricatura emoldura a cena, no entanto, tudo bem: faz parte do show, como admitem Íris e o diretor-geral Reynaldo Boury. A frequência de cenas de pastelão só endossa tal intenção.Boury conta que escalou um único diretor para as cenas que reúnem todas as crianças. "Aqui, com eles todos juntos, isso é uma sala de espera de hospício", brinca o diretor, diante do consentimento do elenco infantil. Segundo ele, o SBT colocou à disposição das crianças um fonoaudiólogo, uma psicóloga e uma pedagoga. Todos gravam apenas à tarde e são diariamente esperados por um carro da emissora na porta de suas escolas, com promessa de almoço balanceado na sede da emissora.A professorinha Helena da vez, Rosane Mulholland, conta que assistia ao Carrossel original quando criança, aquele que deu fama local à atriz mexicana Gabriela Rivero, intérprete da personagem. Até rampa do Palácio do Planalto ela desceu, com o então presidente Fernando Collor.Agora, além da professora Helena, os olhares se voltam para Maísa Silva, a precoce Maisinha, prata da casa e intérprete da inquieta Valéria, que a fez perder os cachinhos. E como todo elenco novato carece da presença de atores capazes de levantar a bola e deixar a jogada pronta para cortar, Carrossel traz à cena pelo menos dois grandes atores de teatro: Ilana Kaplan e Henrique Stroeter - ela como Matilde, professora de música da escola, e ele como pai do bruto (porém fofo) Jaime Palilo (Nicholas Torres). Ambos garantem à produção boa parte da dose humorística que Íris persegue entre os propósitos do roteiro. Da trilha do riso também faz parte a diretora da escola, Olívia, papel de Noemi Gerbelli.A trilha sonora promove a volta de Patrícia Marx e traz Priscila (apresentadora do Bom Dia & Cia., do SBT) numa interpretação de Ciranda da Bailarina, de Chico Buarque, que também mostra a voz ali com O Caderno, de Toquinho. As canções vão da banda Pequeno Cidadão a Simony - sim, a do Balão Mágico, que é mãe de Aysha Benelli, intérprete de aluna Laura Gianolli.

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