
19 de maio de 2013 | 02h07
Quando o namorado foi embora, Ana Maria perguntou:
- E aí? O que acharam dele?
O pai e a mãe se entreolharam outra vez.
- Ele parece ser muito simpático... -, disse a mãe.
As reticências ficaram no ar.
- E você, papai. O que achou?
O pai hesitou. Depois disse:
- Gostei, gostei. Mas...
- Mas o que, papai?
- Aquela tornozeleira, minha filha...
- Tornozeleira?
- Aquilo que ele tem preso no tornozelo.
- Qual é o problema?
- A tornozeleira é para saberem sempre onde ele está. Para a polícia saber. Para ele não fugir, ou não praticar mais nenhum crime.
- O quê?!
- É, minha filha.
- Ele me disse que era um radinho de pilha!
A volta. Gustavo anunciou aos pais que estava se divorciando. Infelizmente, seu casamento com a Sueli não dera certo. Os dois tinham levado 20 anos para descobrir que não podiam viver juntos, e concordado em se divorciar. Separação amigável, civilizada. A Sueli ficaria com o apartamento.
- E você, onde vai ficar?
- Pensei em ficar aqui, até arranjar outra coisa.
O pai e a mãe do Gustavo se entreolharam.
- Aqui? Onde?
- No meu quarto, ora.
Mas o quarto do Gustavo não era mais o seu quarto. Agora era a sala da televisão.
- Pô, mamãe.
- Como nós íamos saber que você voltaria?
- Mas podiam pelo menos ter mantido meu quarto. Para a eventualidade!
Gustavo insistiu. Queria o seu quarto de volta. Como era antes.
- E o que a gente faz com o home theater?
- Ah, o home -theater é mais importante do que um filho?
- Não é isso, Ge...
Acabaram se acertando. O home theater iria para a sala de visitas e Gustavo teria seu quarto de volta. Mas sem os pôsteres dos Stones e da Luiza Brunet de biquíni, que tinham ido pro lixo.
E dias depois que se mudou para a casa dos pais, comendo um pudim igual aos da sua infância, que a mãe lhe fizera depois de muita insistência, Gustavo exigiu uma explicação:
- Que fim levou minha coleção de gibi?
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.