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Enfim, um bom scotch

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Depois do show-relâmpago de outubro do ano passado (cujos ingressos sumiram como num raio, em 15 minutos) na boate The Week, para cerca de mil sortudos (e uma canção na festa da MTV, sem playback), o grupo escocês Franz Ferdinand volta para uma turnê "profissa" por 4 cidades. São Paulo é na terça. Alex Kapranos, Nick McCarthy, Bobby Hardy e Paul Thomson alcançaram um lugar raro no pop rock internacional - são conhecidos em todo o planeta, tocam para grandes audiências, mas seu comportamento continua igual ao de uma banda indie, com um controle artesanal de sua produção.E não acham ruim ter de excursionar mais pelo mundo, em face da nova situação da indústria fonográfia (ninguém mais vende tanto disco). "As bandas estão tocando mais do que costumavam. Mas uma banda tocando ao vivo é uma coisa fantástica, não é algo ruim", diz Alex Kapranos, vocalista da banda que esteve pela primeira vez no Brasil na abertura de um show do U2, em 2006. De lá para cá, tornou famosos hits como Walk Away, Michael e Take me Out, e está excursionando com o álbum mais recente, Tonight: Franz Ferdinand (2009).O Franz é uma banda madura, que não será lembrada nem pelas frases espirituosas, nem pela "atitude", nem por explosões hormonais, voracidade química ou visitas periódicas às cadeias do Reino Unido. "Queremos ser lembrados no futuro por termos deixado algumas boas canções", disse o baixista Bob Hardy. Kapranos vê reflexos da nova circunstância da indústria musical no processo de produção, mas não está nem aí. "Nos anos 60 e 70, os grupos gravavam um disco e faziam poucas turnês, e então passavam anos em atividade criativa, pensando num novo conceito. Hoje, fazem disco a cada ano porque têm de colocar uma nova turnê na estrada, única forma de ganhar dinheiro", afirmou. "Acho que uma das coisas fantásticas da nova situação é que as bandas têm um tamanho adequado, suas comunidades de fãs. Só precisam aprender a fazer a coisa com menos, sem tanta produção."

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