'Enfim, reconheceram que sou bom'

Mel Brooks é tema de novo documentário e vai receber prêmio do American Film Institute pelo conjunto da obra

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Por RONALD GOVER e REUTERS
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Mel Brooks, cuja longa carreira na comédia inclui roteiro e direção de filmes como Os Produtores (1968) e Jovem Frankenstein (1974), vai receber do American Film Institute um prêmio por sua obra no dia 6 de junho. E, se você perguntar, ele vai dizer que já estava na hora."Finalmente, eles reconheceram que sou um bom diretor", diz, aos 86 anos, o artista que começou como comediante de stand-up, em entrevista em seu escritório em Culver City, perto de Los Angeles. "Eles dizem 'comédia forte, com autor e ator divertido'. Ninguém nunca disse que eu era um bom diretor."A carreira de Brooks também será reconhecida em 20 de maio, na pré-estreia de Mel Brooks: Make a Noise, documentário que mostra sua trajetória desde a infância no Brooklyn até a chegada à Broadway, onde a adaptação de Os Produtores para os palcos levou 12 prêmios Tony, o Oscar do teatro."Silêncio no set", grita Brooks no meio da entrevista. Com os pés para o alto e as mãos na frente do rosto como se estivesse falando em um megafone, ele berra: "É isso o que eu faço melhor". Nos últimos dias, ele tem trabalhado discretamente com um assistente no Culver Studios, onde foram rodadas cenas de E O Vento Levou e Cidadão Kane.Atrás de sua mesa estão três troféus do Emmy entre outras estatuetas, monumento à carreira de seis décadas, que começou como baterista e humorista em Borscht Belt, região ao norte de Nova York onde os judeus passavam as férias, antes de escrever, em parceria com o amigo Sid Ceasar, o show de comédia de variedades Your Show of Show, sucesso nos anos 1950.A carreira de Brooks inclui outros prêmios como um Oscar de roteiro original por Aprenda a Perder Dinheiro (1968). As únicas pessoas que lhe consideraram um bom diretor foram o também ganhador do Oscar e entusiasta da comédia Billy Wilder, e Alfred Hitchcock. O mestre do suspense o ajudou, em 1977, a escrever Alta Ansiedade, paródia do gênero dedicada a Hitchcock. "Ele falou da iluminação e das performances. Disse que isso era boa direção. Mas eu nunca fui indicado."A academia de cinema parecia gostar mais do trabalho de Brooks como roteirista. Ele demorou um tempo para ser convencido a fazer o primeiro trabalho na direção. Joseph E. Levine, produtor da Embassy Pictures, lhe pediu um diretor para Os Produtores. "Contrate-me, eu disse a ele." O estúdio mandou que Brooks mudasse o título inicial, Primavera para Hitler. Em contrapartida, ele exigiu fazer a montagem final do longa. O artista precisava disso para que, seis anos mais tarde, fizesse Banzé no Oeste. Quando um executivo da Warner se opôs a parte das cenas, Brooks pegou a lista de reclamações e jogou no lixo. O filme faturou US$ 119 milhões naquele ano. / TRADUÇÃO DE JOÃO FERNANDO

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