
14 de dezembro de 2012 | 11h05
Além de poeta, Octavio Paz era ensaísta e diplomata, tinha um espírito crítico afiado e foi professor de Lafer na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, durante seu doutorado nos anos 1960. "A figura dele me impactou porque vi nele a encarnação do poeta que era ao mesmo tempo criador e pensador", comentou. Com o professor, aprendeu que não poderia escrever sobre filosofia ou outro assunto e compreender a vida política sem antes meditar sobre as tragédias gregas ou ler, entre outros, Shakespeare e Dostoievski.
Em contrapartida, o jovem aluno o presenteou com livros de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, sobre quem conversavam com frequência. Murilo Mendes era outro brasileiro entre os favoritos de Paz, que não se conformava com o fato de o Nobel nunca ter premiado um brasileiro, e citava Machado de Assis como merecedor.
Laura Greenhalgh relembrou o debate organizado em 1985, quando Paz veio pela primeira vez ao País atendendo ao convite do jornal e da USP. Participaram Julio de Mesquita Neto, Ruy Mesquita (atual diretor de Opinião do jornal O Estado de S. Paulo) e ainda Celso Lafer e Haroldo de Campos, entre outros. Ela destacou a relação duradoura e profunda do jornal com o pensador. Uma ida ao arquivo ou uma consulta ao acervo, agora disponível na internet, e o leitor encontra artigos exclusivos, entrevistas, cartas e resenhas publicadas no jornal.
"Esta era certamente a casa periodística de Octavio Paz no Brasil. Havia uma confluência de visão de mundo. Nós atravessávamos o período da guerra fria, vivíamos a ditadura no Brasil e no Cone Sul e, de repente, suas ideias vinham abrir janelas. O Arco e a Lira é um exemplo desse alargamento de pensamento que Octavio Paz teve. Com este livro, ele faz um voo intelectual que não tem muitos similares na literatura", disse Laura.
O uruguaio Danubio Fierro destacou três aspectos que marcaram a produção do amigo e ex-editor, com quem trabalhou na Vuelta, uma das revistas de Paz: sua relação de amor e ódio com o México, a fatalidade de ser poeta e a de ser moderno. Sobre a obra em debate, disse: "É notável como encontramos, em cada página, uma verdade que ainda ressoa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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