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Em trilha de ´Sassaricando´, dupla exalta turma do alambique

Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta lançam disco que dá o tom do musical

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Por Redação
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Sassaricando tem um bloco dedicado à sátira da bebedeira, mas a turma do alambique certamente não freqüenta só as marchinhas. Está presente em vários gêneros musicais, do rock à moda de viola. Cachaça Dá Samba (Deckdisc), terceiro álbum da dupla Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta, destila um bom repertório que cambaleia um pouco além do samba, incluindo a clássica Moda da Pinga (Laureano), a embolada Quem não Sabe Beber (Elino Julião/Severino Ramos), e uma rara e hilária cançoneta de 1913, Delírio Alcoólico, assinada por um tal E.Briu, pseudônimo de um autor que nenhum pesquisador conseguiu identificar. Tem também quatro sambas de Noel Rosa (Por Esta Vez Passa, Maria Fumaça, Pra Esquecer e É Bom Parar) na seqüência, Candeia, Zeca Pagodinho, Bide, Moacyr Luz, Manezinho Araújo, entre outros. O CD surgiu de uma temporada de shows que a dupla fez por encomenda da Cachaçaria Mangue Seco, no centro histórico do Rio. A pesquisa de repertório foi feita por Del-Penho com Luis Filipe de Lima e Henrique Cazes. Eles estão com a dupla neste e no CD anterior, o ótimo Lamartiníadas (2005), todo dedicado ao divertido cancioneiro do versátil Lamartine Babo (1904-1963). Para Cachaça Dá Samba, eles também contaram com o auxílio fundamental dos experts Paulo César de Andrade e Cristina Buarque. O humor que a dupla explora, uma constante em seu trabalho, não se restringe às letras dos sambas, e outros gêneros que ambos interpretam, mas emerge também dos arranjos e principalmente na forma de cantar. Como lembra Malta, o canto do samba em dupla é diferente da música caipira e um prato cheio para fazer humor, como experimentaram os célebres Ciro Monteiro e Dilermando Pinheiro. "A letra nem precisa ser jocosa, mas a própria forma de um atravessar o outro é cômica, inusitada", diz exemplificando com Falso Rebolado (Jorge Costa/Venâncio Carvalho), que os dois gravaram no álbum de estréia, Dois Bicudos (2004). "De uns tempos para cá você tem cada vez mais acesso a esse material antigo. Acho que essa questão é fundamental, poder chegar a essa turma, a esse repertório maravilhoso. São caminhos inesgotáveis", diz Malta. Del-Penho, que conheceu Malta no bar Bip Bip, em Copacabana, acredita que esse tipo de humor foi se perdendo com a evolução das técnicas de gravação. "As pessoas passaram a ficar mais preocupadas com a perfeição formal do resultado e isso talvez tenha tirado a liberdade do canto", aponta o cantor. O repórter viajou a convite da produção do show

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