28 de janeiro de 2011 | 00h00
A cargo da encenação está Eduardo Tolentino, reconhecido diretor do grupo Tapa, que logo convidou Sergio Britto a assumir o posto de protagonista, ao lado de Suely Franco. "É um texto que coloca a classe média em cena. Algo que os argentinos costumam fazer muito no cinema, mas que é mais raro por aqui, onde parece que ainda temos uma dificuldade de pôr no palco o público que vai ao teatro", comenta o diretor.
Na montagem, que estreou em 2010 no Rio de Janeiro e chega a São Paulo para uma temporada de cinco semanas, Alberto e Ana são os representantes de uma classe média em extinção: esclarecida e politizada.
Existe um declínio dos valores em que acreditavam, do mundo em que viveram, da cidade que já foi capital do País. Como símbolo máximo dessa falência, surge o filho Henrique, rapaz que aos 30 anos ainda não conseguiu sair de casa nem definir-se profissionalmente.
Valendo-se de cáustica ironia, o autor faz rir na tentativa de evidenciar esse frágil sistema e suas contradições. Busca dosar humor e melancolia. Tomada por um pânico sintomático, a matriarca recusa-se a sair de casa. E passa as noites revendo antigos slides, mergulhada em nostalgia. "A peça bate muito na realidade, no que conhecemos. É sua maior força", diz Britto.
Depois de uma série de casamentos fracassados, a filha, Ana, retorna para a casa da família. E o pai insiste em fechar os olhos para o fracasso do caçula. "É uma peça de diálogos contundentes, que está o tempo todo colocando o dedo na ferida", define Tolentino.
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