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Em retratos inspirados, a São Paulo do século 20

Livro Retratos do Imaginário de São Paulo mostra a evolução dos retratos fotográficos dos anos 10 e 20 até os melhores retratistas da atualidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Tirar o retrato de alguém equivalia a roubar a sua alma, diziam as antigas superstições nativas. Nas 122 páginas de Retratos do Imaginário de São Paulo, o livro que reúne mais de 40 fotógrafos tirando retratos ao longo do século 20, uma multidão de almas foi roubada se as crendices estiverem certas. Almas famosas como as de Santos Dumont, Lasar Segall, Jânio Quadros, Raul Cortez, Cacilda Becker, Chico Buarque, etc. Outras almas, colhidas em momentos especiais, casamento, primeira comunhão, aniversário, formaturas, realçam o caráter do retrato como fixador do fato marcante na vida das pessoas. Privilegiando tais instantes, as fotos das 122 páginas do livro praticamente contam uma história da São Paulo do século 20 por meio das imagens. Gioconda Rizzo, filha de Michelle Rizzo, auto-proclamado primeiro fotógrafo italiano de São Paulo, foi a primeira mulher a trabalhar com fotos profissionalmente, no estúdio chamado Photo Femina. No livro, há uma bela foto que fez da garota Wanda Masacci, com um laçarote de fita nos cabelos. Um retrato do pai da aviação Santos Dumont é obra de Tito, Artista, ou melhor, Tito Geraldo, dos anos 10 e 20, num grande close. Grupos familiares surgem clicados nos anos 20, 30 e 40; o modernista Mário de Andrade, mostra fotos que fixam documentalmente a realidade brasileira com uma preocupação estética. Um nome que virou marco da fotografia no País vem a seguir: Hildegard Rosenthal, com sua Leica de filme de 35 mm, com fotos de rua. Por seu lado, Hans Gunter Flieg comparece com uma notável foto de Jânio Quadros, em que a qualidade formal se junta à criatividade, não fosse Flieg um ótimo fotógrafo de publicidade dos anos 50-70. Fredi Kleeman é o grande fotógrafo do teatro paulistano e aqui surgem suas maravilhosas imagens de Cacilda Becker, uma foto irreverente de Plínio Marcos, uma absolutamente diferente de Dercy Gonçalves. Otto Stupakoff , expert em fotos de moda, fez belos retratos nos anos 50-60. O do artista plástico Wesley Duke Lee é impressionante, com seu uso da luz e dos contrastes de tons do preto e cinzento. Magdalena Schwarz é outra artista dos tons e subtons, em fotos do bailarino Ivaldo Bertazzo e das mãos (em primeiro plano) de Walmor Chagas. Fotógrafos que surgiram do mundo das revistas masculinas, Luis Tripoli e Bubby Costa mostram outro lado da sua arte, com retratos inspirados como os do ministro Delfim Netto e de Emanuel Araújo, respectivamente. ´Retratos do Imaginário de São Paulo´ chega à atualidade, com nomes como Vânia Toledo, Eduardo Simões, Márcio Scavone, Juan Esteves, Bob Wolfenson, J.R.Duran Claudia Jaguaribe e outros. Eles têm em comum retratos clicados com sensibilidade, gosto globalizado e uso de efeitos possíveis com o avanço da tecnologia. Retratos do Imaginário de São Paulo - No MuBE (Av. Europa, 218 - tel.: 3081-8611). R$ 50.

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