Em livro, a arte e a natureza de Frans Krajcberg

A publicação que traz obras do escultor faz parte da coleção Arte e Contexto, da Editora Moderna, e é voltada para o público juvenil

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A combinação do fazer artístico e a relação com a natureza tão presente na obra de denúncia e beleza do escultor Frans Krajcberg é tratada de forma didática no livro Frans Krajcberg - Arte e Meio Ambiente, de Roseli Ventrella e Silvia Bortolozzo. A publicação, que faz parte da coleção Arte e Contexto, da Editora Moderna, é voltada para o público juvenil, com a finalidade de "desmistificar a arte moderna". Será lançado hoje à noite, na Galeria Sergio Caribé, em São Paulo, local onde também está montada uma exposição com fotos, filme e ainda esculturas (de parede e de chão) e desenhos do artista realizados em diferentes períodos de sua carreira, numa maneira de homenagear este que é um dos nomes principais de nossa arte. Segundo a coluna Em Cena, de Chris Mello, publicada hoje no Caderno 2, Krajcberg está dando um museu de presente para São Paulo, em pavilhão próximo ao viveiro Manequinho Lopes, no Parque do Ibirapuera. Segundo a coluna, o prefeito José Serra já assinou o projeto. Seu marchand Sérgio Caribe está encarregado de trazer da França cerca de 40 esculturas e desenhos que ganhou de Picasso, Portinari e Pancetti, entre outros, que vão ocupar uma sala especial. A condição imposta pelo artista é de que o espaço seja usado para discussões e ações de defesa da natureza. Krajcberg, um polonês brasileiro Nascido em Kozienice, na Polônia, em 1921, Krajcberg "criou seu próprio movimento artístico", como escrevem as autoras - Roseli Ventrella é professora de arte e Silvia Bortolozzo, professora de ciências e biologia (dessa maneira, o livro mistura informações das duas áreas). Criar um caminho próprio e único diz respeito à escolha do artista de fazer sua arte a partir de troncos e pedaços de árvores queimadas e outros objetos encontrados na natureza, como maneira de denunciar os horrores provocados pelo homem - a devastação do meio ambiente transforma-se em metáfora para um comentário muito mais amplo. Ele, que esteve na guerra e perdeu sua família em campos de concentração, encontrou no fazer artístico o caminho de expressão de sua indignação: o de "transformar em arte os restos mortais da natureza que o homem violentou, levando cinzas, árvores tornadas carvão, cipós retorcidos e raízes extirpadas de seus chãos às galerias e museus do mundo", como ele já afirmou. Suas esculturas, muitas delas de grande porte, tornaram-se o seu grito. Em 1948, Krajcberg pisou pela primeira vez no Brasil - chegou de mãos abanando. No início da década de 1950, teve a oportunidade de morar no Paraná e, em contato com as matas daquele Estado, começou a pintar e desenhar inspirado na natureza - usava pigmentos naturais. Aos poucos ele foi encontrando esse caminho e na 4ª Bienal de São Paulo, em 1957, recebeu prêmio por suas pinturas da série "Samambaia". Por um tempo dividiu-se entre o Brasil e a Europa e em 1972 fixou-se em Nova Viçosa, na Bahia. Lá, no seu sítio Natura, construiu uma casa sobre um tronco de pequi e transformou o espaço em local de trabalho ao ar livre. Frans Krajcberg. De Roseli Ventrella e Silvia Bortolozzo. Editora Moderna. 75 páginas. R$ 30. Galeria Sergio Caribé. Rua João Lourenço, 79, Vila Nova Conceição, tel. 3842-5135. Lançamento amanhã (23), às 19 horas

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.