Em cerimônia bem humorada, APCA premia melhores de 2006

Apresentadores Lília e Caruso vetaram discursos longos de agradecimentos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O bom humor e o jogo de cintura dos atores-apresentadores Lília Cabral e Marcos Caruso marcaram a entrega do prêmio concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) na noite de terça-feira, 26, no Teatro Sérgio Cardoso. A atriz, consagrada na pele da vilã Marta da novela Páginas da Vida, foi logo justificando o motivo do seu pé enfaixado. ?Enquanto ainda estava gravando tive labirintite, problemas gástricos, enxaqueca. Após o fim da novela, quando finalmente iria relaxar no clube tomando um solzinho... quebrei o dedo do meu pé. Por isso é que vou me sentar para não dar gangrena?, disse ela em seu tom irreverente, arrancando gargalhadas da platéia. A postos para darem início à premiação, Lília ainda arrematou: ?agora vou botar os meus óculos, porque sem eles eu não enxergo?. O escritor Alberto Mussa (melhor romance por O Movimento Pendular) foi o primeiro a subir ao palco para buscar seu prêmio e fazer seus agradecimentos, mas não havia microfone reservado para os premiados. E assim, os premiados tinham de tomar emprestado o microfone de Lília que, por estar encaixado no pedestal e regulado em uma baixa altura, fazia com que todos tivessem de se curvar para falar um breve ?obrigado!?. É que no roteiro de Lília e Caruso, não faltaram as recomendações proibitivas em relação a discursos longos de agradecimentos. Literatura e música Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade foram os vencedores pela tradução do russo da obra O Exército de Cavalaria, de Isaac Bábel. Lília, seguindo o roteiro, disse que sua filha subiria ao palco para receber o troféu pela mãe Aurora. ?Eu não sou minha filha, sou eu mesma?, disse discretamente. ?Que mico que a gente passa!?, exclamou a atriz, mais uma vez divertindo o público. O Bonde do Rolê, considerado o melhor show de MPB pelos críticos, não deu sinal de vida ao ser chamado pelos apresentadores. ?Perderam o bonde??, perguntou Caruso. Odair José foi premiado pelo projeto especial Vou Tirar Você Desse Lugar e ainda deu uma canja ao lado do compositor Zeca Baleiro. Ponto para Volpi Na área de artes visuais, o curador Olívio Tavares de Araújo foi quem recebeu o prêmio de melhor retrospectiva com a mostra Volpi: A Música da Cor, que reuniu 135 obras do pintor (20 delas inéditas) entre abril e julho do ano passado no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. A exposição do artista Geraldo de Barros (1923-1998) foi premiada na categoria fotografia, que apresentou mais de uma centena de fotografias na Galeria Brito Cimino. Como ninguém havia se manifestado para buscar o troféu em nome de Barros, uma mulher sentada na primeira fila disse a Caruso que era amiga da filha do artista. E se comprometeu a entregá-lo. Cinema e TV O ator João Miguel representou Karim Aïnouz, ganhador da categoria melhor direção pelo belo filme O Céu de Suely. ?Karim não pôde comparecer porque está em Nova York para a estréia de O Céu de Suely no MoMA. Agradeço em nome dele.? Matheus Nachtergaele foi eleito o melhor ator por Tapete Vermelho e Hermila Guedes como melhor atriz, revelando-se em O Céu de Suely. Dira Paes venceu na categoria humor e o pai (?e sósia?, segundo Caruso) de Lázaro Ramos foi buscar o seu prêmio de melhor ator da TV. Lília ganhou o troféu por seu trabalho como Marta na última novela das oito, Páginas da Vida. Ganhou também um belo discurso de improviso, que a deixou muito emocionada, do amigo Caruso, que na novela fazia o papel de seu marido Alex. Manifestação Eduardo Tolentino, diretor do Grupo Tapa, aproveitou o momento para manifestar a sua indignação à respeito da Lei Cidade Limpa e da ausência de um roteiro teatral diário nos jornais e revistas. ?Ontem retiraram os cartazes de nossas peças da porta por causa da lei e não temos mais divulgação nos roteiros diários da capital, muito menos do interior. É uma pena que o Secretário de Cultura tenha saído daqui bem agora, pois gostaria que ele ouvisse o que temos a dizer?, disse o diretor. ?Temos imenso prazer em receber o prêmio e sabemos do imenso esforço dos críticos, que sei que são jornalistas e não os donos dos jornais.?

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