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Em cena, o mais famoso caso de histeria feminina

Estréia nesta sexta no Centro Cultural a peça Multiplicando Electra, baseada na trajetória da paciente que inspirou o trabalho de Freud e Breuer sobre a histeria

Por Agencia Estado
Atualização:

Sob direção de Roberto Alvim, a atriz Luciana Borghi leva ao palco um dos casos mais famosos da história da psicanálise, o da paciente Anna O., que inspirou Freud e Breuer a escrever Estudos sobre a Histeria. Espetáculo interpretado por Luciana, Nívea Semprini e Fábio Fernandes - com a participação do ator Othon Bastos na gravação da voz de Freud -, Multiplicando Electra estréia nesta sexta-feira no Centro Cultural São Paulo. Anna O., pseudônimo da paciente Berta Pappenheim, tratada pelo psiquiatra austríaco Breuer, começou a apresentar sintomas como delírios e alucinações a partir da doença e morte do pai. O tratamento de Anna marca a passagem na psicanálise do método da hipnose para o da cura pela fala. Embora a concepção remeta a uma sessão de psicanálise, Alvim e Luciana - parceiros na criação do texto - aproveitaram ao máximo o potencial de "teatralização" do material que tinham em mãos: o processo de cura da paciente, uma jovem inteligente e apaixonada por teatro. "Ela fala muito de Shakespeare e há um momento no espetáculo, por exemplo, que a gente faz uma citação de Hamlet, em uma cena da aparição do pai/fantasma", diz Luciana. O espetáculo aproveita também em cenas de flash back da infância de Anna, nas quais explora sua relação com os pais. Além de estudar tudo o que envolvia ocaso, Luciana resolveu fazer uma pesquisa de campo, que acabou rendendo frutos inesperados. A partir da experiência de dirigir uma oficina de teatro-terapia no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a atriz passou a coordenar o projeto A Ponte. Por meio desse projeto, ela vem realizando montagens teatrais com atores/pacientes, apresentadas nos demais hospitais e clínicas psiquiátricas da rede hospitalar pública e privada do Rio. Segundo Luciana, recriar no palco o caso de Anna oferece a oportunidade de refletir - de forma lúdica e atraente - sobre o limite entre normalidade e loucura. "Multiplicando Electra faz a gente repensar nossos valores, nossa vida, a partir dos questionamentos da paciente", afirma. "Afinal, Anna recebeu alta, mas não recebeu a chave da felicidade; dependendo do ponto de vista, alta também significa a reintegração na miséria cotidiana." Multiplicando Electra - Tragicomédia. De Luciana Borghi e Roberto Alvim. Direção Roberto Alvim. Duração: 75 minutos. Sexta e sábado, às 21h30; domingo, às 20h30. R$ 10,00. Centro Cultural São Paulo - Sala Sala de Ensaio 4. Rua Vergueiro, 1.000 tel. 3277-3611. Até 17/12.

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