Em 2011, SWU deverá ter noites temáticas

Ao Estado, Eduardo Fischer antecipa as mudanças que quer fazer para a próxima edição

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Por Redação
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O empresário Eduardo Fischer afirmou ao Estado que fará uma segunda edição do SWU em outubro de 2011, muito provavelmente na mesma Fazenda Maeda, em Itu. Fischer já esboça o que quer em um próximo evento. "Não temos o compromisso com o rock, então penso em dividir as noites por gêneros musicais. Seria um dia para o hip hop, outro para o rock, outro para o pop, por exemplo." Outro ponto que quer crescer são os fóruns sobre sustentabilidade, aumentando capacidades nas tendas de 1 mil pessoas para 3 mil.Sobre o acesso, muito criticado por fãs que andaram por horas para chegar ao local, Fischer tem planos de usar uma linha de trem que passa ao lado da fazenda e de disponibilizar até 40 trenzinhos para o transporte do estacionamento até o local dos shows. Ainda assim, relativizou: "No festival de Glastonbury (Inglaterra) as pessoas também andam muito." Para Fischer, a Fazenda Maeda foi aprovada para continuar sediando o SWU.A noite de segunda-feira, última dia do festival, reuniu 58 mil pessoas para ver bandas como Linkin Park e Pixies. Foi o maior público do evento que contou ao todo com 164, 5 mil pessoas em suas três noites, entre sábado e segunda. Linkin Park. Rappers, metaleiros e trovadores, os integrantes do Linkin Park fecharam a programação pesada do último dia do festival SWU com um show que mostrou todas as facetas da banda e comprovou o apelo irresistível que o grupo tem para o público jovem. O show começou com canções do novo disco A Thousand Suns, em que o Linkin Park adotou uma produção mais descaradamente comercial. Um climão épico, feito com sintetizadores, deu vez a The Radiance, faixa de pop rock genérico. Em seguida atacaram com o rap metal de Wretches and Kings. Mas quando parecia que o show iria tomar o rumo da distorção, o Linkin Park mostrou que é uma banda que agrega, mesmo que sem muita profundidade, uma variedade de estilos. Baladas de refrões contagiantes levavam as mocinhas às lágrimas e em seguida davam vez a riffs nervosos. O frontman Chester Bennington endoidecia os cabeludinhos com gritos viscerais. Descia do palco e corria para o abraço da galera enquanto destilava o carisma, liderando a banda com pulso firme em canções que fizeram um apanhado dos hits de metal, drum and bass e hip hop. Tiësto. Escalado como a última atração do festival, em um dos palcos principais, o Água, Tiësto nadou contra a maré. Empolgou seus fãs e tantos outros, que, embora não conhecessem uma música de seu setlist, curtiam simplesmente pelo completo desleixo da organização no encerramento da festa, chapados. O show do DJ norueguês virou uma verdadeira rave, com drogas de todos os tipos sendo consumidas.Mesmo com músicas bem trabalhadas e sincronizadas com o telão - sem contar que o show contou com o som mais alto de todo o festival -, o público simplesmente passou a dar as costas ao palco e a seguir em rota contrária, em direção às tendas de alimentação.Os enormes vazios vistos no extenso gramado da Fazenda Maeda durante o show de Tiësto fizeram um cenário de terra arrasada. Amontoados de lixo - embora existissem funcionários contratados recolhendo os dejetos - espalhados por todos os cantos de maneira desoladora para um festival que pretendia fincar a bandeira do ambientalismo. Faltou maior participação do público.Pixies. Eles são hoje o avesso do avesso do modelo clássico dos heróis do rock. Frank Black, ou Black Francis (nome real: Charles Michael Kittridge Thompson IV) tem o physique du role de um caminhoneiro aposentado. E olha que ele só tem 45 anos. A baixista Kim Deal, como diz o jornalista Pedro Alexandre, está a cara da Inezita Barroso.Na floresta de aparências do mundo atual, poderiam parecer inadequados para o métier. Mas é um mundo ilusório esse do rock. Onde queres potência, eles são inteligência. Onde queres recato, eles são blasfemos: falam de incesto, violência bíblica, whores in your bed, whores in your head.Black Francis entrou com um agasalho com capuz que parecia credenciá-lo a carrasco de seita de ocultismo. Seus berros lancinantes, seguidos de mantras melódicos, estão no DNA de cantores como Thom Yorke, do Radiohead, e Kurt Cobain, do Nirvana. Hey e Where is My Mind? são duas das melhores canções jamais escritas no universo pop. Servem para fazer o crítico compenetrado jogar fora sua fantasia de imparcialidade e se desprender do chão. Assistir ao show dos Pixies acentua também um certo orgulho prepotente. Eu vi os Pixies, senhores pobres mortais! Foi mal aí!COM REPORTAGEM DE JOTABÊ MEDEIROS, LUCAS NOBILE, JULIO MARIA E ROBERTO NASCIMENTO

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