10 de fevereiro de 2010 | 11h04
Autora de nove títulos, incluindo romances cujas tramas se passam em cenários do interior, como "O Pau d?Alho" e "Mulheres de Contenda", Ellen reúne agora suas lembranças de vivências e viagens em "Pelas Janelas da Fazenda - O Olhar de Uma Imigrante Americana no Vasto Interior do Brasil" (tradução de Cristina Cavalcanti, 296 págs., R$ 49,90). É um misto de livro de memórias e trabalho jornalístico - por anos, Ellen escreveu para o caderno Agrícola do jornal O Estado de S. Paulo - da autora que, ao longo de toda a vida, dividiu a escrita com a paixão pela agricultura.
A norte-americana chegou ao País em 1953, com o marido, Carson, o primeiro filho, Stephen, e a cadela Jenny. Já fazia algum tempo que o casal procurava um terreno para se assentar. A princípio, esse lugar poderia ser em sua Ohio natal, mas os planos mudaram quando travaram contato com o fazendeiro Manoel Carlos Aranha, e este sentenciou: "No Brasil há terra suficiente para todos, o problema é que poucos sabem cuidar bem dela." Foi o que bastou para a família aterrissar em solo brasileiro, tão confiante que não tinha nem como pagar a volta, caso tudo desse errado.
Ellen, filha do escritor norte-americano (e prêmio Pulitzer) Louis Bromfield (1896-1956), conta que herdou do pai o interesse por técnicas de cultivo. "Ele tinha uma visão romântica da vida na fazenda, e, vivendo com ele, aprendi coisas fundamentais para entender o que de fato significa cultivar uma terra. Por exemplo, que a terra está em nossas mãos somente por um tempo e deve ser passada para as próximas gerações em melhores condições do que nós a encontramos", diz a autora.
O livro é ainda recheado de curiosas crônicas sobre a vida no País a partir da metade do século passado, em especial no que diz respeito a fatos dos quais a história guardou somente a reação nas metrópoles. Como o dia do golpe militar de 1964, quando Carson e Ellen estavam em São Paulo, e os filhos, em Tietê. "Pegamos a estrada, temerosos de não conseguir voltar para casa, mas por sorte a viagem foi surpreendentemente tranquila. Tudo o que vimos pelo caminho foram alguns comboios muito duvidosos que não pareciam ter pressa de chegar a lugar algum e inúmeros caminhões do Exército escangalhados à beira da estrada", ela escreve. Pelas janelas da fazenda, Ellen aprenderia que longe das cidades até a história tinha um ritmo todo próprio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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