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ELEFANTE ONÍRICO

Monique Gardenberg adaptou para o palco contos de Murakami, marcados pelo nonsense

Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Homens e mulheres comuns, triviais, desses que se vê todo dia. Assim são os personagens do escritor Haruki Murakami. Por isso, parte da crítica o descreve como "facilmente acessível". Sua linguagem, de fato, não fecha as portas a ninguém. Por trás de tanta trivialidade, porém, suas criaturas carregam sempre algo de nonsense. Como se tudo estivesse atravessado por lastros do realismo fantástico, da ficção científica, do folhetim.É esse universo que o espetáculo O Desaparecimento do Elefante leva ao Teatro do Sesc Pinheiros a partir de sábado. Na peça, que chega a São Paulo depois de estrear no Rio, Caco Ciocler, Maria Luisa Mendonça, Marjorie Estiano, Kiko Mascarenhas e seus outros colegas de elenco interpretam quase 30 personagens, trafegam por situações de diferentes colorações e densidades. Na ficção de Murakami, as fronteiras entre o drama e o cômico se tornam fluidas e, mesmo quando convoca ao riso, ele não o faz sem um travo amargo.São cinco os contos que Monique Gardenberg adaptou para o teatro do livro The Elephant Vanishes. Em sua trajetória como encenadora, ela se tornou conhecida por apresentar ao País dramaturgos importantes, como o canadense Robert Lepage, de Os Sete Afluentes do Rio Ota (2002), o norte-americano Neil LaBute, de Baque (2005), e o norueguês Jon Fosse, do qual estreou Um Dia, no Verão (2007). Agora, contudo, se lançou à tarefa de escrever para teatro tomando um autor que não parece, ao menos à primeira vista, afeito ao palco."Foi a primeira vez que fiz algo assim. É claro que existe sempre, em qualquer montagem, não importa qual o texto, uma dose de criação. Mas é muito diferente você transformar a prosa, pegar cenas soltas e organizar teatralmente", diz ela, que assina a direção ao lado de Michelle Matalon. "Significou uma libertação. Saber que se pode criar um texto não necessariamente teatral, que existe a possibilidade de ousar."

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