10 de abril de 2011 | 00h00
Roberto Carlos passou a cantar Detalhes sozinho, ao violão, em seus shows. É um dos momentos mais bonitos do concerto, intimista e despido de solenidade. Essa canção abria seu 11.º álbum, de 1971, que continha ainda Outra Vez, de Isolda, De Tanto Amor, A Namorada e Se Eu Partir.
Foi numa noite de março de 1971 que Roberto começou a compor a música campeã. Não foi fácil: no dia seguinte, ele viu o resultado e achou que tivesse bebido. Começou a refazer tudo e chegou ao verso-chave: "Não adianta nem tentar/Me esquecer".
A canção foi feita quando o cantor vivia com Cleonice Rossi, a Nice, desquitada, para quem fez Amada Amante (também no disco). Quando terminou, foi mostrar a ela, que gostou muito. Mostrou para outras pessoas, como Zezé, a empregada, os músicos Wanderley e seu secretário Sergio Milico. Só seu produtor, Evandro, não gostou de um verso: "O ronco barulhento do seu carro". Queria que Roberto trocasse a palavra ronco, ele não o fez.
Proibido por lei de casar-se com Nice, aquela era uma época de contestação para o Rei, que usava cabelos compridos, roupas hippies e batia-se contra travas comportamentais - numa época de exceção política. "Quero um mundo melhor, sem guerras, sem lutas, um mundo cheio de paz, compreensão e felicidade", disse. Essa disposição está mais presente na sua grande canção "ativista" do mesmo ano, Todos Estão Surdos (recentemente regravada pelo grupo mineiro Pato Fu). Houve boatos, nunca comprovados, de que ele e Erasmo teriam "comprado" a música de alguém. Roberto parece ter Detalhes como sua preferida de sempre. É confessional até a alma, inclusive na autocrítica ("E até os erros do meu português ruim").
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