
22 de outubro de 2019 | 03h00
Precisa de um festival com line-up exclusivamente feminino? Precisa de um prêmio dedicado só para as mulheres do mercado da música? São perguntas que muitas vezes surgem quando eventos assim são anunciados. E a resposta é: Sim, precisa! Basta olhar a quantidade de indicadas em grandes prêmios de Comunicação e Rádio (citando a minha área) para entender a importância desse movimento. Ou a quantidade de mulheres nas comissões que votam esses prêmios. Já ouvi também frases como: "Ah, mas se a mulher é boa...". Se você já pensou isso, PARE! Tem muita mulher mais que boa e nem por isso são indicadas.
Hoje falo sobre a terceira edição do Prêmio WME Awards (Women’s Music Event), uma honraria criada por três mulheres do mundo da música – Claudia Assef, Monique Dardenne e Fátima Pissarra – para premiar outras envolvidas com diversos setores da área musical.
O WME tem umas categorias comuns em prêmios como: cantora, disco e revelação. E outras tantas mais raras, infelizmente, como: instrumentista, jornalista musical, empreendedora do ano, compositora, etc.
A votação para o prêmio é feita também só por mulheres do mundo da música. São por volta de 150 embaixadoras que são convidadas a votar em até cinco mulheres para cada categoria. Em algumas delas, as ganhadoras são decididas por voto popular e outras pelas embaixadoras, chamadas de júri técnico.
As duas primeiras edições da premiação foram marcadas por discursos fortes, reais e acolhedores. Um ponto em comum, em várias falas, foi a crítica ao machismo presente no mercado da música – e não só, né?
Infelizmente, me pareceu comum que, na hora de elogiar uma vencedora do prêmio, surgisse o comentário: “Parabéns, mas você merecia mesmo era ganhar um prêmio de todos!”. Claro que todas mereciam, mas a real é que a quantidade de mulheres indicadas nas premiações, ainda mais em funções que “não estão no palco”, é muito baixa. Isso não é reflexo da qualidade do trabalho delas, mas de um mercado muito machista, que ainda coloca nas comissões julgadoras alguns “dinossauros” do mercado.
As oitenta finalistas já foram divulgadas e a votação popular está aberta. Entre as indicadas de 2019 estão: Pitty, Céu, Luiza Lian, As Bahias e a Cozinha Mineira, Badsista, Marília Mendonça, Duda Beat, Xênia França, Tuyo, Josyara, a diretora de videoclipe Aline Lata, as empreendedoras Fabiana Batistela e Ana Garcia, a jornalista e radialista Fabiane Pereira, a jornalista e a apresentadora Didi Couto.
Neste ano, a grande homenageada da noite será a cantora Gal Costa. Todo ano, o prêmio também faz uma homenagem póstuma. Em 2019, será a vez da sambista Beth Carvalho, que nos deixou em abril.
A premiação acontece no dia 3 de dezembro e, pela primeira vez, terá transmissão ao vivo pelo canal TNT. Respeita as minas!
Música da Semana - Coreto
Uma das músicas do novo disco da cantora e compositora Céu, Apka!, ganhou um belíssimo clipe com direção de Aline Lata, indicada ao prêmio WME, na categoria diretora de videoclipe. A música é uma composição da própria Céu e começou inspirada pela cantora Gal Costa. Depois, tomou outro rumo. Esse é o primeiro clipe lançado do disco e vai te deixar boquiaberta.
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