
13 de dezembro de 2010 | 10h02
Mais de meio século depois, ele completou 63 anos no domingo passado, em uma festa comemorada no Teatro Castro Alves lotado, em Salvador, com direito a "Parabéns a Você" antes de um concerto histórico que fazia parte da programação do Mercado Cultural da Bahia. Há tempos cultuado como um dos compositores e instrumentistas mais revolucionários da música brasileira, Betinho é conhecido do público como Egberto Gismonti e, no próximo sábado, apresenta-se em São Paulo em show gratuito, na Praça Dom José Gaspar.
A oportunidade de ouvir os temas desse embaixador da música moderna é rara. Não apenas em espetáculos e pelo fato de Gismonti transitar com mais frequência entre o Rio e o exterior, mas também porque ele não pretende mais gravar discos. "Eu não vou mais a estúdio para fazer discos, não tenho mais preocupação de compor. A composição é consequência de uma limpeza que eu devo fazer no meu registro sonoro. Quando você grava cinco, dez discos, você comemora. Quando você tem 63 discos é diferente, eu tenho tantos discos quanto tenho de idade", diz Gismonti.
Na visão de Gismonti, cerca de 50% dos violonistas do mundo tocam sua obra para violão e 40% de pianistas, a de piano. Hoje, os anseios são diferentes do início da carreira. Nos tempos modernos, em que programas de edição são usados para costurar músicas e maquiar imperfeições, o compositor não critica quem abusa das ferramentas tecnológicas, apenas argumenta que só sabe gravar tocando um tema do início ao fim. "Se o cara faz assim e fica feliz, quem sou eu para discutir a felicidade dos outros? O que eu tinha que deixar como legado, já deixei. Hoje eu quero o anonimato. Eu já fiz tanto e tanto já foi aceito que isso agora tem vida própria. Eu não tenho mais significado, quem tem significado é o que foi feito. O que eu estou procurando não é me qualificar, é dar uma razão muito mais ampla à minha vida. Eu tenho amigos muito bons, tenho uma dívida com eles. Na vida quando se vira devedor é a melhor coisa do mundo", diz o músico nascido na cidade do Carmo, no Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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