Eescolha de Sônia Braga foi aprovada por escritor

Boni relembra como surgiu a primeira versão para a TV

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Por Alline Dauroiz e Cristina Padiglione
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A escalação de Sônia Braga para Gabriela, em 1975, passou longe de uma escolha óbvia. Mas, depois que a morena se sagrou no papel, o que não faltou foi gente para se anunciar como autor da ideia. Para esclarecer, afinal, de quem partiu a sugestão de fazer de Sônia Braga a cara da personagem de Jorge Amado, o Estado perguntou a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, chefão da Globo na época, como se chegou a tal opção."A ideia de Gabriela surgiu de conversas do Walter Avancini com o Edwaldo Pacote (membro da diretoria na época)", contou Boni. "Seria uma superprodução para comemorar 20 anos da Globo: texto e adaptação do Walter George Durst, com o melhor elenco que a Globo pudesse dispor e trilha inédita composta especialmente. Eu me entusiasmei com a ideia e nomeei o Edwaldo como coordenador do projeto. Avancini ficou com a direção.""No início", emenda Boni, "partiríamos para testes para escolher uma Gabriela, mas o Daniel Filho sugeriu a Sônia Braga e o Edwaldo comprou a ideia. O Avancini ficou reticente, mas propus que o Jorge Amado visse pessoalmente a Sônia. O Edwaldo a levou a Salvador, e Jorge Amado me deu, por telefone, aprovação total."Ao site Memória Globo, Daniel Filho conta que chegou a convidar Gal Costa para o papel, mas ela recusou. Sorte a nossa. Segundo Boni, Durst escolheu todos os intérpretes dos coronéis e "o Avancini completou o elenco". Pacote pediu a Aldemir Martins (ilustrador dos livros de Amado) que fizesse as telas de abertura e conseguiu do Dorival Caymmi a música de abertura.Com linguagem moderna para a época, os 20 primeiros capítulos de Gabriela foram gravados com câmera fixa, o que só mudou com a entrada de Mundinho Falcão (José Wilker), que simbolizava a modernidade, contraponto aos padrões retrógrados do coronelismo. Na primeira cena com Mundinho, as câmeras passaram a ter mobilidade e acompanharam a trajetória do barco que o levou a Ilhéus. Para o diretor da nova versão, Mauro Mendonça Filho, os tempos hoje são mais caretas do que há 37 anos. "Se a gente fizer uma câmera parada o tempo todo, o público jovem vai achar estranho. Mas estou evitando muitos movimentos com a câmera e, já que temos tecnologia, estamos aproveitando muitos recursos de fotografia, gravando em 24 quadros e câmeras F 35, que são HD, mas têm lente 35 mm, o que dá estética de cinema", diz.

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